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5 grandes álbuns que fazem 50 anos

5 grandes álbuns que fazem 50 anos

O mundo era muito diferente em 1971. Há meio século atrás Pelé vestia pela última vez a camisa da seleção brasileira em meio a ditadura, a NASA lançava a Apollo 14 e em meio a prisão de Angela Davis na busca por direitos civis, a guerra do Vietnã era televisionada nas TV’s dos Estados Unidos e do mundo. Mas além dos fatos citados, a indústria musical também foi movimentada e refletiu a tensão do início da década 70, nos presenteando com clássicos que, até hoje, são ouvidos nas rádios e nos serviços de streaming.

Imagine – John Lennon

Pouco mais de um ano após o ‘fim oficial’ dos Beatles, John Lennon lançava seu segundo álbum de estúdio, com a participação de um ex-beatle: George Harrison. A recepção na época foi muito positiva, tanto do público quanto da crítica, e veio na sequência de sua estreia com o ótimo John Lennon/Plastic Ono Band (que deixou a crítica com altas expectativas). Com faixas dedicadas a Yoko (Oh Yoko!) e até a Paul McCartney (a polêmica “How Do You Sleep?”), o álbum foi considerado menos político (e mais romântico) do que outros trabalhos de Lennon, mesmo assim eternizou a faixa título, repetida até mesmo exaustivamente.

O trabalho também rendeu um ótimo documentário chamado “Above Us Only Sky”, que explora tanto a relação entre John e Yoko, quanto a própria produção do disco. O filme britânico de 2018 dirigido por Michael Epstein está disponível na Netflix.

What´s Going On – Marvin Gaye

Muitos não ligam para listas de melhores/maiores álbuns que rodam pelos sites de música, até porque (ainda bem), a música marca cada um de uma maneira muito subjetiva. Mas, quando seu álbum é considerado o maior de todos os tempos pela Rolling Stones, é impossível não enxergar um tremendo valor nisso.

Em um período de tensões políticas que envolviam as questões raciais nos Estados Unidos, Marvin Gaye criou sua obra-prima: “What´s Going On”, como uma resposta a brutalidade policial. Cerca de 50 anos depois, a crítica enfática de Gaye e dos que reviveram seus versos posteriormente (como Mandela, no Tiger Stadium em 1990) continua atual, em um péssimo sentido.

Construção – Chico Buarque

Na época do lançamento de Construção a extinta revista Realidade anunciava: “Construção” devolve a Chico o sucesso da “Banda”. Se antes Chico Buarque flertava mais com a bossa ao mesmo tempo em que criticava a ditadura, neste álbum produzido durante o exílio na Itália Chico mostrou ainda mais seu lado crítico, evidenciado em faixas como “Samba de Orly”, composição em conjunto com Toquinho e Vinicius de Moraes, parcialmente censurada.

O disco obrigou a gravadora Philips a contratar duas concorrentes para prensá-los, vendendo 140 mil cópias no primeiro mês. Além do sucesso, o álbum representou um marco na carreira de Chico e na música brasileira.

Honky Dory – David Bowie

“O álbum em que Bowie começa a ser Bowie”, assim ficou conhecido Honky Dory, o quarto álbum do inglês David Bowie. Se um dia Bowie não foi Bowie, é neste álbum que é possível ver quase que uma síntese do artista. Explorando o pop, folk e o rock e outros subgêneros, Bowie construiu algo único, e que facilmente entra lista dos 50 álbuns mais importantes de todos os tempos, em diversas listas.

Para além dos estilos que Bowie passeia nas ótimas “Changes”, “Life On Mars” e “Oh! You Pretty Things”, as letras também acompanham na viagem. A ambiguidade e excentricidade, características marcantes dele, estão presentes em peso na obra.

Pearl – Janis Joplin

Sim, Janis Joplin morreu em 1970, três meses antes do lançamento de Pearl, em janeiro de 71. Claro que o contexto influenciou na recepção do álbum, mas mesmo com altas expectativas o disco surpreendeu, sendo considerado o melhor da cantora que já era consagrada na cena do blues mesmo ainda jovem, aos 27 anos.

O segundo e último álbum de Janis marca tanto pela qualidade já evidente da cantora (representado pela voz inconfundível), quanto pelo amadurecimento em relação aos seus trabalhos anteriores. Pearl eternizou faixas como “Cry Baby” e “Mercedes Benz”.

Gabriel Oliveira

Futebol brasileiro e mundial em textos com opinião, fatos e dados.

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