Arte

Caiam

Caiam

Caiam máscaras e beijem bocas com as vontades curiosas juvenis e que aconteça em praça pública. Ponham abaixo a praça num estalo de língua,pegado, louco, em mil mãos e braços. Se exponham avassaladoramente e façam espetáculo. Lembrem os velhos que estão vivos e que você está inteirae pronta. Encabulem as tias crentes na possibilidade de aniquilar desejos e libidos. Enfartem os tios covardes esquecidos nos submundos. Contrariem os metaversos, mergulhem suas línguas em bocas de verdade e recitem poemas crus, sentidos nas peles sedentas. Decretem o fim do home office, meet, zoom, e tudo que é virtual, impaciente, imediato, arealidade ampliada acabou. Almeje o tato, a sensibilidade, o arrepio, a calmaria. Beije com a vontade verdadeira de parar o tempo e reduzir a distância toda do mundo, sem dados,sem bits, bytes, terabytes, game over. Basta. Aumente o volume desta tuavoz linda e feia e foda-se e cante com seu amor beijado o fim das vergonhas neuróticas. Façam deste instante a utopia da paz, do fim das fronteiras, do nacionalismo mortal velho, careta. Caiam caídos fortes e beijem-se asbocas francas sorridentes juvenis ali na praça de passagem dos cegos tecnológicos, antes que seja tarde demais, antes que as luzes hipnotizantes engulam os últimos viventes. Caiam em verdades sinceras os beijos mensageiros das vontades,desejos, sonhos, amizades, toques,olhares, mãos, saltos, arrepios,parcerias, cúmplices, tesão, ah, todo tesão deste mundo nesta palavra proibida, que a vida exige romper com repetições como drogas e basta, basta e basta. Beijem para experimentar a vida em suas formas esquecidas, ruborizem depois de tudo porque nesta coragem, o sangue é quente. Caiam máscaras, caiam para sempre e beijem as utopias em praça pública.

Wagner Rengel

Wagner Rengel quis ser silêncio depois pássaro depois peixe depois vento depois grilo quis ser gente depois nada. Mora em Curitiba.

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