Na última coluna revelei meu signo. Meus leitores alvoroçaram-se: “Eu sabia, Cármen é uma típica taurina”, disse um; “Não acredito, Cármen nada tem de touro”, disse outro. Um leitor menos precipitado, que na foto do instagram parece bastante atraente, perguntou: “Cármen, o que significa ser taurina?” A pergunta é vaga. Mas eu a responderei mesmo assim: não posso deixar espaços vagos entre mim e um leitor tão interessado.
Touro está sob o império do elemento terra. Pensem nas pedras duras diante das ondas, no barro escuro em que penetram raízes, no chão em que pisamos descalços: terra – estabilidade, segurança, firmeza: o fundamento da vida. Mas agora deem o salto: da terra ao touro, do inorgânico ao orgânico, do chão ao animal. A terra é o elemento lascivo: quer reproduzir-se, germinar, procriar. Sua solidez denota excitação. Sua expressão tátil é pura volúpia. O touro, entre os doze animais, é o mais sensual: é o ser fecundante, feito de músculos e testosterona.
Sim, é verdade. Mas confesso: essa resposta é concreta demais para a pergunta de meu elegante leitor. Afinal, o que significa ter um signo? Ser de um signo? Ser taurina, leonina ou escorpiana? Aquela pergunta deveria ser precedida de outra: o que significa um signo?
A aliteração é proposital. Quero ressaltar a raiz da palavra: signo, significado, significar. Há um impulso determinista em atribuir a alguém um signo. E sobretudo em atribuir a esse signo significados perpétuos: uma taurina é assim, uma leonina é assado. É um tipo de astrologia que conheço e respeito. Mas que não sigo.
Prefiro a astrologia que se relaciona continuamente com os astros. Que dança com eles. Que colhe significados de seus movimentos diários. Que não se preocupa com o passado e o futuro, mas com o agora.
Agora é tempo de touro. Aldebarã nasce na aurora e se põe ao pôr do sol. Estamos todos tocados por seu brilho. Estamos todos com os pés na terra lasciva que nos enche de desejo. Somos todos, eu e meus leitores e especialmente aquele belo homem da vaga pergunta, taurinos. Até o dia em que todos passaremos a ser geminianos. E então, dúbios, talvez sigamos o impulso da terra, talvez voemos na leveza do ar.
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