Não tem como negar: poucos países fazem música como o Brasil. Fruto de um caldeirão de culturas juntas e misturadas, a musicalidade brasileira aflorou com a excelência dos mais virtuosos artistas. A começar pelo samba, costumeiramente datado de 1916 pela criação da música ‘Pelo Telefone’, de Donga e do jornalista Mauro de Almeida, na Praça Onze, histórica região do Rio de Janeiro, hoje, no bairro Cidade Nova.
A fim de dar uma renovação rítmica no samba, como a simplificação extrema da batida da escola de samba de raiz, João Gilberto aparece baianamente com seu violão diferente, criando, a partir da zona sul carioca, a bossa nova, movimento consolidado no cenário musical brasileiro pelas artes magnânimas de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, César Camargo Mariano, Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli, Sérgio Mendes, Johnny Alf e outros tantos não menos importantes. Com uma riqueza dissonante imensurável, a bossa nova transcendeu as fronteiras tupiniquins e atingiu variados gêneros mundo afora. Como o jazz (Stan Getz e Charlie Byrd eram fãs) e o easy listening standard do ilustríssimo Frank Sinatra.
O marco histórico para a bossa nova foi o icônico álbum ‘Canção Do Amor Demais’ (1958), da saudosa Elizeth Cardoso, que deixou este mundo num 07 de maio, mas de 1990, acometida de um carcinoma gástrico. O lp de 13 canções (12 inéditas) nasceu sem pretensão e não obteve tantas vendagens. Mas, por reunir os talentos de João, Tom, Vinícius e Elizeth, foi redescoberto e regravado em inglês, francês, espanhol e até japonês. É tanta qualidade e elegância que, mais de sessenta anos depois, o disco não envelheceu, continua em excelente forma. Por ele, pela nova bossa, pela MPB e pela Divina (Elizeth era assim chamada por Vinícius), a música do dia não podia ser outra que não CHEGA DE SAUDADE, em sua primeira aparição cancioneira, como a faixa 1 do lado A. E, reforçando o já dito aqui, o Brasil é um país de ótima musicalidade. Que alguns artistas (e ouvintes) estudem e não joguem na lama essa fama.
CHEGA DE SAUDADE Tom Jobim/Vinícius de Moraes
Vai, minha tristeza E diz a ele que sem ele não pode ser Diz-lhe numa prece que ele regresse Porque eu não posso mais sofrer Chega de saudade, a realidade é que sem ele Não há paz, não há beleza, é só tristeza E a melancolia que não sai de mim Não sai de mim, não sai Mas se ele voltar, se ele voltar Que coisa linda, que coisa louca Pois há menos peixinhos a nadar no mar Do que os beijinhos que eu darei na sua boca Dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços Apertado assim, colado assim, calado assim Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim Pra acabar com esse negócio de jamais viver sem mim Vamos deixar desse negócio de viver longe de mim
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Necessários
Os Cookies Necessários devem estar sempre ativado para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desabilitar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.
Comentários: