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Quanto lixo mais suportaremos?

Quanto lixo mais suportaremos?
Nick Fewings / UNSPLASH

Nesta terça-feira, 18, os grandes jornais repercutiram um dado impactante: apenas 20 empresas produzem mais da metade do lixo plástico descartável produzido no mundo. No topo da lista das principais produtoras de lixo plástico estão as empresas americanas ExxonMobil e Dow e a chinesa Sinopec; no nono lugar, a brasileira Braskem. Os dados foram revelados pela fundação australiana Minderoo.

Estima-se que o mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros ou nos oceanos. Só em 2019, 130 milhões de toneladas métricas de plásticos descartáveis foram despejadas no planeta, afirmou a fundação. Se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico até 2050.

Plásticos descartáveis são criados a partir de combustíveis fósseis, como petróleo e gás. Esse tipo de plástico é difícil de ser reciclado e acaba, em sua maioria, no lixo. De 10% a 15% da produção é reaproveitada. Nos próximos cinco anos, a produção deverá aumentar em até 30%. Como consequência, a fabricação de plásticos está se tornando um dos principais fatores que contribuem para o aquecimento global. No atual ritmo, sempre segundo a Minderoo, os plásticos descartáveis podem ser responsáveis por cerca de 5% a 10% de todas as emissões globais anuais de efeito estufa até 2050.

Em matéria publicada em 20/02/2021, informávamos: “COCA-COLA, PEPSICO e NESTLÉ ganharam um título nada bom: pelo terceiro ano seguido, foram consideradas as WORLD’S TOP PLASTIC POLLUTERS.” O dado, ali, era diverso do que agora é revelado: aquela matéria se referia ao lixo plástico que podia ser identificado, por entidades voltadas a recolhê-lo, com determinadas marcas; este artigo, de hoje, fala das empresas que produzem o plástico que afinal se torna lixo.

Na matéria de fevereiro concluímos assim: “A poluição que essas empresas causam só piorou. Então fica o recado: quando você estiver na Praia e se indignar com a absurda quantidade de lixo plástico, lembre-se dessas três marcas: COCA-COLA, PEPSICO e NESTLÉ. E claro: quando você estiver no supermercado, lembre-se da sua indignação.”

Desta vez, tal conclusão não basta. Não se trata apenas de evitar marcas poluidoras, mas de agir diante de um problema urgente. Esta ação, que supõe o envolvimento das altas instâncias políticas, tem alvos claros; afinal, apenas 20 empresas produzem metade do lixo plástico do mundo. Justamente porque afeta forças tão poderosas, é improvável que as tais instâncias ajam com o rigor necessário. Em todo caso, é necessário que nós, cidadãos, exijamos esse rigor. Afinal, quanto lixo mais suportaremos?

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