Quem quer ser um empresário?

Você quer ser um empresário? Quer exercer uma atividade econômica e assumir o inevitável risco nisto envolvido? Quer, enfim, arriscar uma empresa? 

Sim? Então você tem escolhas a fazer. 

Primeira escolha: ser ou não um empresário formal. Em outras palavras: registrar-se ou não. O registro é condição para que a empresa atue no chamado comércio oficial. Exatamente por isso, pode um bem um empresário preferir não se registrar; afinal, pode lhe interessar que seu negócio não ‘apareça’. Em todo caso, formal ou informal, o exercício da empresa fará de você, com o perdão da redundância, um empresário. 

Supondo, entretanto, que você tenha optado pela formalidade (o que pode ser inevitável), há uma segunda escolha: de que forma registrar-se? Você pode atuar como um empresário individual. Pode contratar uma sociedade que, sendo registrada, torna-se pessoa jurídica. Neste último caso, você pode optar por uma sociedade fechada de pessoas definidas, ou por uma sociedade aberta com ações no mercado. Além disso, há regimes tributários diversos, cuja escolha pode ser decisiva para o negócio. Como vê, opções mil.

Finalmente, após todas estas escolhas, vem a mais importante. Aliás, não se trata propriamente de uma escolha, mas de um dilema. Você deve optar entre os interesses da empresa e os seus. Você quer conforto e diversão. Ela, a empresa, quer capital de giro e investimentos. Donde o dilema: você deve servir ao bem da empresa; ou ela deve servir ao seu bem?

Além disso, há uma variável bastante comum que agrava este dilema: a crise. A empresa está mal e você, que trabalhou anos no negócio, vê a nítida possibilidade de tudo perder-se. Tem então que escolher entre o bem concreto de sua família ou o bem geral de todos os que dependem da existência da empresa. 

Em geral, as pessoas escolhem o próprio bem. O problema é que, dependendo do caso, a lei proíbe esta conduta. E aí a coisa fica feia. O patrimônio destas pessoas fica inteiramente ameaçado. Sua liberdade também. O sonho de riqueza pode tornar-se um pesadelo de penhoras, prisões e exposição pública. 

Costuma-se dizer que todo empresário sonha em ser rico. Não sei. Acho, na verdade, que todo empresário sonha em ser livre, em ser o patrão de si mesmo, em trabalhar na realização de sua própria ideia. Esta liberdade, porém, é paradoxal. Se a empresa tiver sucesso, o empresário terá sucesso; se ela fracassar, ele também fracassará. De qualquer forma, o destino do empresário estará amarrado ao da empresa.

Você quer ser um empresário, certo? Mas por quê? Por que quer ser rico? Certo, esta é a melhor forma de realizar seu sonho. Ou por que quer ser livre? Neste caso, avalie bem. Nunca pensou em ser poeta?

Victor Emendörfer Neto

Victor Emendörfer Neto é advogado.

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