Opinião

As roupas inteligentes e os seus hábitos

As roupas inteligentes e os seus hábitos

“♫ Pois esta vida não está sopa/ e eu pergunto: com que roupa?/ Com que roupa eu vou/ pro samba que você me convidou?” (Com que roupa?, Noel Rosa)

Para a maioria é ato automático, pela manhã, depois do banho ou do café, pegar as roupas, vesti-las e sair para o compromisso diário. Alguns ainda têm tempo – ou paciência – de escolher o traje do dia. Outros são mais dedicados: deixam tudo preparado na noite anterior… Poucos param para pensar sobre o futuro delas.

A tecnologia está em alta e as roupas estão cada vez mais sofisticadas. Existe até um estrangeirismo para tanta inovação: wearables. Ou em português claro: dispositivos vestíveis.

Além das camisetas

Quando se fala em wearables ou dispositivos vestíveis está-se referindo a muito mais do que a camisa e a calça de material sofisticado. São peças vestíveis que estão conectadas a outros dispositivos eletrônicos ou à internet. Nesse leque se encontram óculos e relógios, e mais. Se dá para vestir e se está conectado à internet, é wearable.

Estes dispositivos vestíveis podem ser apenas uma brincadeira, uma diversão, mas podem, também, servir como peças importantes, por exemplo, de apoio à medicina, ou, mais especificamente, à telemedicina, como diversos smartwatches existentes no mercado. Na mesma linha, já há pulseiras, de várias marcas, que possuem a função de pagamento por aproximação.

Sob outra ótica, estão voltando com força os óculos inteligentes (desculpem o trocadilho), desacreditados tempos atrás. Mais completos, mais práticos e mais eficientes, Google, Facebook e Microsoft, entre as mais conhecidas, estão se empenhando para que os novos equipamentos sejam mais duradouros, apesar das desconfianças de como os cérebros vão lidar com essa experiência.

Das funcionalidades à moda

Se, por um lado, existem relógios inteligentes com pulseiras personalizadas, por outro há grifes famosas com camisetas que passam informações sobre frequência cardíaca ou respiração para o smartphone. Se no começo dessa era moda-tecnológica as roupas eram desconfortáveis, as empresas estão se empenhando em torná-las mais agradáveis e práticas de se usar.

Já em uma edição do Met Gala, um evento para angariar fundos para Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, há alguns anos, uma modelo apareceu com um vestido com luzes de led que variavam conforme as reações nas redes sociais. Daí dá para ter uma ideia de quanto pode ser infinita a criatividade nestas concepções.

Entre especulações e realidade, o fato é que o segmento dos dispositivos vestíveis está crescendo, devendo quase quadruplicar entre 2021 e 2028, de acordo com pesquisas da Facts & Factors.

Ao mesmo tempo, este boom do uso de tecnologia vestível que colhe ou agrega informações pessoais de seus usuários traz outro alerta. Qual o controle dessas informações? Com quem estão sendo compartilhadas?

Utilizando o exemplo dos soldados americanos que tiveram que mudar as configurações do aplicativo Strava porque as informações captadas permitiam identificar bases militares em diversos países do mundo, como ter certeza de que os dados pessoais que as roupas, relógios, pulseiras e óculos colhem estarão devidamente resguardados de interesses financeiros ou criminosos?

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