Trêmula, gélida, incrédula: assim assisti ao vídeo, que a NASA liberou nesta semana, filmado na superfície de Marte. O cenário, desolador, é um deserto pedregoso. A luz é líquida, lívida, fantasmagórica. E o som, ah, o som, é atormentador: ainda agora, quando fecho os olhos, ele me asfixia.
Marte é o protagonista de minha astrologia. Meu pai e meu amor. A força necessária pra luta. O fogo que detona a paixão. Nestas noites recentes de lua nova ele me prendeu como nunca, navegando solitário o mar negro do céu: Júpiter, Saturno, Vênus e Mercúrio, os outros planetas visíveis, sumiram ofuscados pelo sol.
Agora os malditos pneus de um jipe rodam no chão de Marte! Devassam a face do astro guerreiro. Riscam o corpo do deus da paixão. Esses riscos me doem como se fossem feitos com navalhas em minha pele. Como golpes frios da ciência em minha astrologia pálida e mortal.
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