“♫ n your head, in your head/ Zombie, zombie, zombie/ What’s in your head? In your head/ Zombie, zombie, zombie” (Zombie, The Cramberries)
Todo mundo já viu algum filme ou série ou leu algum livro sobre zumbis. Há clássicos como A volta dos mortos vivos e Guerra mundial Z, além do interminável Walking dead. Até Stephen King escreveu sobre eles, coincidentemente numa ficção envolvendo celulares. Provavelmente no imaginário popular o fim distópico-apocalíptico da humanidade mais recorrente deve ser com zumbis.
Contudo, não sei se o leitor percebeu, eles já estão entre nós. Os novos zumbis têm um nome mais moderno: smombies, os zumbis dos smartphones. Talvez aportuguesando tenhamos algo como smumbis.
A verdade está lá fora. E aqui dentro
Como disse, eles estão entre nós, por todos os lugares. Nesse último final de semana, passando por um local onde havia seis bancos (daqueles iguais aos de praça), vi cinco pessoas, quatro adultos e uma criança. Os quatro adultos, cada um em seu banco, hipnotizados pelos celulares (uma mulher fazendo uma selfie) e a criança recostada na sua adulta responsável.
Os smombies são justamente estas pessoas que perdem a noção do tempo e do espaço por conta das telas com conteúdo infinito das redes sociais em seus celulares. Todo mundo já viu algum vídeo de acidentes provocados por esse tsunami. Alguns podem ser engraçados, mas outros são verdadeiramente trágicos.
A situação está tão epidêmica que em cidades da China e da Bélgica há calçadas divididas entre vias para smombies e para pessoas que ainda olham por onde andam. Quando mostro as imagens nas minhas palestras todos riem. Parece bizarro, porém é real.
A grama do vizinho…
… sempre é mais verde. O ditado é reflexo do comportamento humano. A inveja persegue a humanidade desde os primórdios. Seja com Caim e Abel, seja com os primeiros homo sapiens.
Agora, entretanto, tudo está mais estilizado. A inveja está na palma das mãos e alcança picos nas passadas pelos perfis dos outros no Instagram, ou em qualquer outra rede social. Aqueles pratos lindos, aquelas viagens deslumbrantes, aqueles corpos perfeitos. Tudo dos outros parece melhor ou mais legal.
Com a inveja, vêm a frustração e o vício, e as pessoas se tornam ainda mais zumbis. A grama está lá fora, mas ninguém quer cuidar; apenas ver o quintal dos outros. Nesta toada, pipocam clínicas de desintoxicação tecnológica em vários países. Sim, adolescentes, jovens e adultos precisam de ajuda para se livrar do vício dos smartphones e games e tudo o que vem junto.
Seus filhos
Os próximos frequentadores destas clínicas serão as crianças. Na realidade, já há relatos de pacientes infantis. E isso não acontece apenas com os filhos e netos dos outros, só nas outras famílias. Não!
A comodidade – e preguiça – de deixar celulares e tablets com crianças pequenas está criando um enxame de futuros zumbis viciados. Tão ou mais grave: estudos apontam que crianças que se viciam em celulares e internet terão tendência a se tornarem adictas em drogas, ilícitas ou não. E nem vou entrar no mérito do exército de pessoas com conhecimento superficial que possivelmente está se criando.
Em próxima oportunidade falarei dos filhos dos gurus tecnológicos e dos filhos dos seres mortais como nós.
De todo modo, fica, mais uma vez, o alerta: atenção ao comportamento dos seus filhos. Eles são, ao mesmo tempo, esponjas e reflexos.
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