
Ontem enfim te disse oi. Andavas lenta pela calçada e percebi tua viagem. Pensei em não interromper teu pensamento mas teus olhos se ergueram de repente e deparaste o mundo. Bem no meio do mundo eu te sorri.
Respondeste apenas oi. Não houve sorriso nem susto nem desprezo. Apenas percebeste um alguém qualquer que fui naquele instante. E saíste sem pressa seguida pela barra azul das tuas longas roupas.
Gritei ao som das freadas quando atravessaste a rua num rompante. Seguiste pela outra calçada sem escutar as buzinas. Te achei parada assistindo às crianças saírem do colégio. Todas fantasiadas de coelhos.
Quando cheguei a teu lado percebi teu riso. Teus olhos azuis lacrimavam com o brilho de sempre. Teu peito arfava de alívio.
Então de novo me olhaste e desta vez sorrimos. Ambos havíamos notado. Aqueles coelhos falavam e seduziam e indicavam caminhos. Fugas. Algum outro mundo, Alice, novo e intocado e onde fosse possível viver.
Nos despedimos sem dizer palavra. Seguimos cada um o seu caminho. Não importa aonde íamos. Éramos loucos mas estávamos perdoados.
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