O Presidente Bolsonaro disse, há alguns meses, que não vai tomar a vacina e que isso é um problema dele. A declaração, se considerarmos a estratégia do Presidente, é inteligentíssima. Primeiro porque é uma ode à liberdade individual. Segundo porque reforça a imagem de macho inexpugnável. E finalmente porque ele, mais uma vez, se opõe ao sistema: diante da velha política racional e monótona, ele age como uma fera indomável.
É claro que ele pode ser acusado de dar um mau exemplo. Num momento em que a pandemia registra recordes mórbidos, talvez ele devesse apostar na vacina: defendê-la, divulgá-la, fornecê-la. Assim posaria de bom moço. Mas ele não se preocupa com bom-mocismo. Ao contrário, ele sabe tirar vantagem mesmo de suas ações supostamente criticáveis: também elas revelam o homem real, sem filtros, que ele quer parecer – e é.
O Presidente está em guerra. Ele age sempre com um só propósito: vencer seus inimigos. A pandemia vai passar; a guerra, talvez não – e, em todo caso, perdurará por muito mais tempo. Às vezes suas ações podem parecer irracionais; mas sua estratégia segue uma impecável razão.
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