
Lua, grande Lua,
Tua luz diamantina
Ousa ser oposição
Ao Sol em Câncer em vão
A querer negar a sina
De Selene, a divina
Fonte de amor e razão:
O que ele quer, então?
Que deixes de ser menina?
Lua, linda Lua,
Tuas mãos tremem de medo
De Marte na quadratura
A lutar na guerra impura
Pra conquistar teu segredo
E soprar o bafo azedo
Na flor de tua doçura:
O que ele quer? Oh, credo,
Descer além da cintura?
Lua, pobre Lua,
Tua voz amordaçada
Pela chuva desse inverno
Talvez falasse do inferno
A que foste condenada,
Em Capricórnio trancada
Com Plutão, o subalterno:
O que ele quer? O interno
Gozo de vê-la estuprada?
Lua, Lua cheia,
Tua explosão vespertina
Há de negar o perdão
Ao Sol, a Marte e a Plutão
Se escondendo da chacina
Que tua glória ferina
Há de espalhar na amplidão:
E assim eles verão
Toda a fúria feminina.
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