O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um dos momentos mais aguardados por alunos de todo o país. Este ano, a ansiedade para a prova que define o futuro de jovens e adultos na busca por uma vaga nas universidades se soma a incerteza por conta de denúncias e instabilidade no órgão que organiza a prova, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O instituto teve exoneração de 35 funcionários na última semana, destes, dois denunciaram censura em questões da prova. Em entrevista ao ‘Fantástico’ (Globo), um dos trabalhadores que não quis se identificar explicou que o diretor de Avaliação de Educação Básica, Anderson Oliveira, pediu que mais de 20 questões da primeira versão da prova deste ano fossem retiradas. Os alvos da censura foram questões relacionadas à história recente do país, principalmente as que envolviam contextos sociopolíticos ou socioeconômicos. Pautas de teor histórico, especialmente aquelas relacionadas ao período da Ditadura Militar, têm sido contestadas pelo governo federal. Na mesma matéria, servidores denunciaram assédio moral e “pressão insuportável” sobre o corpo técnico que elabora a prova.
A crise ganhou um novo ingrediente na última segunda-feira, quando o presidente Jair Bolsonaro comentou a demissão em massa do Inep. No fórum de investimentos em Dubai, nos Emirados Árabes, Bolsonaro disse que a prova começa a ter “a cara do governo”. Sem dar mais explicações sobre as aspas, Bolsonaro reforçou o clima de instabilidade na semana do exame. Quem repercutiu a fala do presidente foi a educadora Maria Inês Fini, ex-presidente do Inep e idealizadora do Enem. Em entrevista ao portal UOL, Maria cobrou investigação jurídica do caso. “Baseado em quê ele fez essa afirmação? Alguém vai ter que dizer o fundamento dessa afirmação. Tem que ter apuração jurídica” completou.
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