Com o Sol entre as estrelas de Áries, um outro elemento impera: o ar. Notem o verbo que uso: imperar. Notem a forma intransitiva que escolho: não há objeto, o ar impera simplesmente – sobre todos, sobre tudo. Notem o sujeito pervasivo de minha oração: o ar está em tudo – é a forma mais leve e mais pura do Ser.
Pura mas intangível. Leve mas arrebatora. O ar em movimento é o vento, a grande força imperscrutável. Jung o associava a uma expressão arquetípica de Deus. Zéfiro, o deus-vento que vem do poente, é quem conduz Psiquê ao leito de Eros. A alma deita aos braços do amor arrastada pelos movimentos do ar.
Áries, trazendo o outono, é a janela aberta para esse grande encontro. O vento espalha as folhas secas sobre o chão: os corpos, recolhidos à sua essência, preparam-se para as agruras do inverno. Mas o Deus do amor espera a alma em seu leito candente. E aí, onde sempre revive o Ser, nós já poderemos sentir a fragrância da existência renovada na primavera que há de expandir-se em ondas redondas no ar…
Cármen Calon é astróloga com amor pela, e às vezes pânico diante da, astronomia.
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