Em Brasília, ainda sobre o caso do Deputado Federal Daniel Silveira, o que causou verdadeiro espanto durante a semana foi a reação da Câmara dos Deputados.
O que se esperaria da Câmara diante de um episódio grotesco como o protagonizado pelo Deputado que insultou instituições do Estado Brasileiro e chegou a ameaçar a incolumidade de Ministros da Suprema Corte? Geraria uma tomada de consciência por parte dos parlamentares em relação à responsabilidade no uso da palavra? Quem sabe seria o caso de se fornecer instrução formal aos Deputados acerca das limitações Constitucionais e éticas de sua atuação?
A reação foi bem outra: blindagem.
O Presidente da Câmara dos Deputados tentou acelerar a tramitação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 03/2021) para evitar que novas prisões em flagrante, como a do Deputado Daniel Silveira, pudessem acontecer.
Pelo texto original da chamada “PEC da Impunidade”, não haveria mais crime de ameaça ou manifestação ilícita que pudesse gerar a prisão ou sequer a responsabilização civil ou criminal de um Deputado Federal. Calha relembrar que, pela chamada “regra da simetria”, tais alterações seriam estendidas também aos Deputados Estaduais.
Da mesma forma, não haveria mais a prisão em flagrante de Deputados em razão do cometimento da grande maioria dos crimes previstos no Código Penal, inclusive os de corrupção, roubo, furto, peculato e outros de enorme gravidade, uma vez que o texto da PEC prevê apenas a prisão em flagrante de Deputados para os poucos crimes previstos na Constituição Federal.
Como cereja do bolo, através da aprovação dessa Proposta, haveria o efeito retroativo da norma para beneficiar o Deputado Daniel Silveira, abrindo as portas da prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal.
A boa notícia é que após repercussão bastante negativa do texto apresentado, a PEC foi retirada de pauta e enviada para análise em uma comissão interna da Câmara.
Resumindo: enquanto o País continua sofrendo com inúmeras dificuldades trazidas não só pela Pandemia, mas também pela lentidão no trâmite de propostas legislativas urgentes, a Câmara dos Deputados prioriza tempo, energia e recursos públicos para amparar interesses corporativos de constitucionalidade duvidosa e sem a adequada discussão com a sociedade.
Colapso em Santa Catarina
Em Santa Catarina, o termo “colapso” foi usado pelo Secretário Estadual da Saúde em mensagem encaminhada aos municípios, na qual clamou por novas medidas para diminuir a circulação de pessoas e para que sejam convocadas todas as forças de trabalho da saúde para o enfrentamento da Pandemia.
Apesar de estarmos numa situação de esgotamento de vagas hospitalares, de atenção nos estoques de insumos do “kit intubação” e de risco na disponibilidade de pessoal, ao que parece, a “ficha ainda não caiu” para vários gestores públicos. Os erros cometidos pela gestão federal e também por outros estados e municípios, parecem não estar sendo assimilados como alertas para correção de rota.
Além da necessidade de serem adotadas medidas mais rigorosas, é imperioso também maior investimento em fiscalização no cumprimento das medidas sanitárias vigentes, as quais são rotineiramente desrespeitadas, conforme se constata da simples análise de perfis no Instagram e no Twitter.
É claro que a população precisa também fazer a sua parte. De nada adianta dizer que está “cansado(a)” das restrições ou que “não aguenta mais”. Evitar a realidade não gera mudança alguma. Encaremos a situação de frente: o problema é grave e ainda não está resolvido. Aos gestores públicos cabe atuar de forma madura, consistente e até mesmo impopular, para que sejam reduzidas as taxas de contaminação até que a vacinação possa ser realizada em escala adequada e traga os resultados esperados.
Abrigo de animais abandonados em Jaraguá do Sul
Em Jaraguá do Sul, uma das propostas interessantes em debate trata da criação de um centro de acolhimento temporário para tratamento de animais domésticos abandonados e em situação de vulnerabilidade.
Pelo que se comenta, o objetivo seria proporcionar estrutura e pessoal para o cuidado com animais doentes ou feridos, bem como para o fomento do controle populacional de cães e gatos através da castração.
Ao que tudo indica, se o modelo for de acolhimento temporário, a ideia parece ser interessante. Seria um recurso público bem empregado que resolveria problemas de zoonoses, bem-estar animal e até de segurança dos munícipes nos casos de animais ferozes.
O que se deve atentar, contudo, é para que o centro de acolhimento temporário, caso venha a se concretizar, não se converta em canil municipal, modelo antigo e insustentável no qual os animais indesejados eram depositados em gaiolas ou viveiros para passarem o resto de suas vidas.
Por fim, a ideia também merece debate em outros municípios da região, uma vez que o problema de maus-tratos praticados contra animais domésticos, descontrole populacional e de controle das zoonoses é interesse de toda coletividade.
Comentários: