Opinião

Jojó do Jacques: Medina é o melhor – de longe

Jojó do Jacques: Medina é o melhor – de longe
Reprodução Instagram @gabrielmedina

Adivinhem: Medina wins again. Em cinco etapas na temporada, fez quatro finais. Ganhou duas. Fora o baile… Kkk.

Parece brincadeira mas não, é sério: o cara tá dando um baile. Desfilando. Soltando o tamanco na lata das ondas, tadinhas, que se abrem submissas aos seus pés. Parece poesia (tá, eu sei, não parece), mas é verdade: Medina chegou naquele estágio que, até onde sei, só o Slater alcançou: parece que o mar, por encanto ou por espanto, obedece ao surfista.

Lembro do Medina em 2009. Praia Mole. Etapa seis estrelas do QS. Ele tinha, sei lá, quinze anos. Era um moleque. Levou o caneco ganhando a final do Neco Padaratz. Eu morava em Floripa na época. Assistia à bateria com o Chula, um amigo, tomando uma gelada no Natural Mystic. O Neco surfando com aquela velha garra, tentando levar o caneco à força. E o Medina apavorando nas esquerdas. Virei pro Chula e falei: “esse moleque vai longe”.

Foi. Longe. Mais longe que qualquer outro, com exceção do Goat. Na etapa que terminou nesta madrugada, 25, Medina mostrou isso. Mostrou essa lonjura que ele alcançou, essa distância dos demais. Sim, distância: mesmo o Ítalo Ferreira, o atual campeão mundial, a criptonita do Medina, dessa vez não foi páreo. No confronto das semis entre os dois brasileiros, líder e vice-líder do ranking mundial, Medina venceu com naturalidade. Eu já escrevi isso aqui, e repito: chega um momento, durante a etapa, em que a gente já sabe que ele vai vencer; a gente só assiste pra saber como.

Na final, diante do novato australiano que é a sensação da temporada, a gente já sabia: Medina vai vencer. Começou a bateria e ele tirou um 7, cravado. Cibilic, o tal novato, respondeu: 7,27. Medina replicou: 8,5. E acabou. Aliás, não acabou: o brasileiro seguiu surfando muito. Parecia que ele, a qualquer momento, ia tirar da cartola mais um coelho: um tubo, um aéreo, uma onda de oitocentas manobras em que ele iria dando rasgada até a praia, até a restinga, até o alto do pódio.

Ali, no alto do pódio, ele de fato acabou. Ali, com sua coroação, termina a tal “perna australiana”: as quatro etapas seguidas no país. Medina foi, de longe, o grande destaque desta “perna”. Ele é, de longe, o grande surfista de nosso tempo.  

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