
Exatamente às sete horas e quarenta e dois minutos desta manhã, 10 de junho, foi o auge do eclipse solar. A Lua antepôs-se ao Sol. Perfeitamente alinhado com ambos, Mercúrio. Sobre a terra, os três astros despejam luzes e sombras. Pobres dos seres ditos racionais: pode a razão suportar tal lucidez?
Lúcida eu observo tudo. Júpiter e Netuno mergulhados em Peixes. Marte e Vênus banhando-se em Câncer. Urano em Touro rondando Lilith, que espalha como nunca seu brilho provocante.
A Lua Nova em Gêmeos é um espetáculo histórico. O eclipse tem algo de uma dança: o Sol pôs-se à frente da última Lua Cheia, agora a Lua Nova põe-se à frente do Sol. Bailam ao som de que música os astros núbeis? Desta candente atração entre eles, o que resta pra nós?
Eis o ponto: este eclipse, o que ele traz aos seres sobre o chão da terra? Não faltam astrologias a teorizar respostas. Algumas descrevem forças a imperar sobre mentes (ou almas). Outras aconselham rútilas ousadias ou a mais pálida parcimônia. Há talvez arroubos proféticos, plenos de legítimos augúrios.
A mim, o eclipse simplesmente excita. Excitada me entrego à poesia. Poética descubro o sentido mais pleno de mim. A luz é o fogo. Pode a razão suportar tal lucidez? Hão de arder no fogo as sombras do tempo?
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