O Brasil tem 301 atletas nas Olimpíadas de Tóquio. Destes, apenas 10 são baianos. São poucos, é verdade. Mas são responsáveis por boa parte das conquistas brasileiras: até agora eles ganharam pelo menos quatro medalhas – e há boas chances de que esse número aumente. O desempenho dos atletas baianos no Japão merece um estudo. Eles são poucos e bons.
Ontem Ana Marcela Cunha venceu a maratona aquática. Ela conquistou a quarta medalha de ouro brasileira nestes Jogos. Seu desempenho foi fantástico. Nadou sempre na frente, num ritmo intenso, com uma garra notável. Depois da prova, na entrevista, deu a impressão de que seria capaz de nadar mais dez quilômetros. A moça de Salvador é um fenômeno.
Outro fenômeno são os boxeadores baianos. Três foram às Olimpíadas. Dois deles, Hebert Conceição e Bia Ferreira, alcançaram as semis – e já asseguraram pelo menos o bronze. O outro, Keno Marley, caiu nas quartas, numa luta pra lá de polêmica. Definitivamente a Bahia é um grande celeiro do boxe olímpico.
Da boa terra vêm também Isaquias Queiroz e Jacky Godmann, atletas da canoagem. Ambos ficaram em quarto lugar na modalidade disputada em dupla. Isaquias remará ainda na prova individual, em que é um dos favoritos. Há grandes chances de mais um baiano medalhista.
Por falar em baiano medalhista, tem ainda Daniel Alves. O jogador do São Paulo é capitão do time olímpico de futebol, que disputa a final no próximo sábado. O Brasil enfrenta a Espanha e Dani Alves, considerado o jogador de futebol mais vencedor da atualidade, pode acrescentar mais um título à sua coleção.
Por fim, merecem menção honrosa Breno Correia, que fez duas finais na natação, além de Formiga e Rafaelle, do futebol feminino, que caíram nas quartas após uma disputa de pênaltis. Eles pousarão em Salvador com a indiscutível sensação de que voltam com a missão cumprida.
Em uma síntese bem apertada: todos os 10 atletas baianos tiveram desempenhos notáveis. Talvez isso seja mera coincidência. Talvez um traço genético, uma característica étnica, uma herança cultural que todos eles trazem. Talvez haja algum segredo no acarajé. Ou no vatapá. É um mistério. Como disse Caymmi, “a Bahia tem um jeito que nenhuma terra tem”. A explicação pro tal notável desempenho deve ser esse “jeito”, também chamado de baianidade. Olímpica baianidade.
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