Temos que admitir: tecnicamente, a Abertura fracassou. Não alcançamos nossa meta. Eis uma conclusão incontornável. Se bem que ríspida demais. Quem se importa com a tal “meta”? Quem disse que tínhamos uma? E, afinal, quando foi que falamos “tecnicamente” aqui na Abertura?
Temos lá nossos méritos. Mais que tudo, nossos colaboradores foram incríveis. Só pra citar um exemplo: o Wagner. Desde o início, em todo santo sábado, ele criou um texto e uma imagem. Arte escrita e visual, poética e plástica, finíssima. Depois desses quase dois anos, isso tudo é uma obra. Notem bem: uma obra imensa. Quão maior não é aquela guardada em sua gaveta? Quanto mais não há guardado nas gavetas dos nossos colaboradores? Quantos deles ainda nem se juntaram a nós? Pensando bem, temos um acervo – efetivo e potencial. Poderíamos explorá-lo. Voltar com novas propostas. E nos recriar.
Até porque, diria o poeta, é preciso. Sempre foi. Desde o início. Daí por que tentamos isso: uma abertura. Era 2021. 2022. Anos escuros. Tempo de luta. Talvez nossa tentativa tenha sido vã, mas o fato é que lutamos. Pensando bem, temos uma história. Poderíamos tentar não permitir que ela acabasse aqui. Mas como? Quanto nos custa seguir? E pra onde? Navegar é tão impreciso.
Mas é o que resta: navegar. Bons ventos talvez nos soprem. Pensando bem, talvez tenhamos um futuro.
Talvez.
Esta é a hora de reconhecer nosso fracasso. Ouvi-lo. Tateá-lo. Saboreá-lo. Pois ele tem um quê de gostoso. Como o sinal do recreio escolar. Como a ideia de tirar uma soneca na rede. Como o convite a uma viagem a dois. Ele parece dizer: “a Abertura se fecha, mas só pra se abrir depois ainda mais”. Isso soa obsceno, é verdade. Mas estamos falando tecnicamente.
Mais que tudo, é hora de agradecer. A quem colaborou, incentivou, acompanhou. Recebam nosso abraço. Forte, comovido, daqueles que parecem que nunca vão acabar. E até breve.
Comentários: