No sábado haverá a Lua nova de Sagitário. A última antes do solstício. A Lua do verão. Neste momento, início do novo ciclo da Lua, ela e o Sol estarão em conjunção com Mercúrio e em perfeita oposição a Lilith. Neste momento, em que haverá o eclipse solar visível em outros rincões do mundos, estarão Vênus e Plutão conjugados em Capricórnio enquanto Marte, já nascido no leste, prenunciará o novo dia em Escorpião.
Neste momento, vejam bem, serão precisamente 4 horas e 44 minutos do dia 4. Precisamente neste ponto da contagem circular do tempo, essa contagem que dividimos em horas e que os sumérios nos legaram há talvez seis milênios (os mesmos sumérios que talvez nos tenham legado a própria astrologia), precisamente aí será a Lua nova. Às 4 horas e 44 minutos do dia 4.
Quatro são as estações do ano, os pontos cardeais, os elementos da natureza: terra, água, fogo e ar. Quatro são os lados do quadrado, os pilares da casa, as paredes do quarto. Quatro são os membros do homem que nada exausto nas águas fundas do mar. Quatro são as bestas do apocalipse. Quatro são os anjos do Deus de Moisés.
Júpiter, o Deus maior entre os deuses de Homero, dá nome ao planeta representado pelo símbolo que é similar ao do número 4. Não por acaso: ambos os símbolos trazem a cruz, sinal da potência racional, com os dois grandes eixos da visão cartesiana do mundo. Júpiter, às 4 horas e 44 minutos do dia 4, estará precisamente na quarta casa.
O que significam todas as relações com o número 4? Como interpretar essa confluência cabalística? Que vertigem narrativa pode estabelecer um sentido entre os números e os astros e o tempo e Deus?
Eu não ousaria dar esta resposta nas poucas linhas que restam a este texto. Mas gosto de apontar as tais relações. E gosto de sugerir – ou melhor, de excitar – respostas naqueles poucos que perdem seu tempo com meus textos. Serão quatro leitores? Talvez nem isso. Decerto não muitos mais.
Também os números mandam sinais. Também eles ajudam a nos situar nos infinitos redutos do ser: o tempo eterno, o espaço cósmico, a mente abismal. Também o número 4, que Pitágoras considerava sagrado, traz uma mensagem. Ouçamo-la. Tentemos ao menos ouvi-la. Não se trata de superstição: trata-se de expandir as possibilidades da linguagem e de reconhecer sua existência sagrada. Exatamente como fazia Pitágoras. E Homero e Moisés. E, mais lindamente que todos, João.
Às 4 horas e 44 minutos do dia 4 haverá a Lua nova de Sagitário. Estejamos preparados pra esse instante. Atentos à mensagem que nos mandarem os números e os astros. E o tempo. E Deus.
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