
Antes fosse só delírio
o teu salto intransitivo
nas cores frias do tempo
em que não tínhamos nome.
Só delírio, só o excesso
de tua vontade-intelecto
tão capaz do paradoxo
de caminhar e de ser:
fosse delírio seria
somente a noite tragada
na fumaça libertina
escorrendo pela seda
desde a luz da chama oblíqua
no vermelho dos teus olhos.
Mas não, não, não é delírio,
é teu mais íntimo impulso,
tua medula fervente,
teu primeiro labirinto
feito de flor e de pó
onde guardaste o segredo
do teu traço insustentável
que se lê nas entrelinhas
da silhueta do abismo.

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