E se a gente não acreditasse que haverá outro dia, outro ano, outro dia primeiro? E se a gente caísse no desamparo da incerteza do amanhã, sem garantias? Não sei. Não gosto de pensar nisso.
O Futuro é questão de fé. O maior dos deuses, criador da Esperança, da Renovação e da Promessa.
Da exaustão ao Futuro, estamos aqui neste limbo entre as confraternizações e o fim do ano.
Se o futuro assim permitir teremos um novo ano, dias e amanhãs melhores e assim alguns se sentirão mais vivos e lotarão as academias, suando em bicas no verão tupiniquim. Moças e moços encontrarão amores frescos e experimentarão as paixões avassaladoras, que os velhos sabem que é doído e lindo. O cão de rua encontrará uma casa e alguém que lhe dê dignidade. A fome será história contada em voz grave com peso de tragédia vencida, diante de um farto prato e um rosto corado.
Se o Futuro deixar, sob as bênçãos da Esperança, será um ano de encontros com as essências, aquilo que é âmago da alma, pedra lapidada por anos e anos e por fim se ouvirá: “eu sou isso, sem nome de função ou profissão, só nome que me foi dado por pai ou só por mãe. Isso que eu sou, não carrego por vontade, nem por dever. É alheio à minha vontade e por Isso que sou, sou ato”.
Amanhã é Promessa em reza tão rezada, ladainha sem fim. Se fará tudo quanto é possível em palavras: juro que serei melhor para os meus, no trabalho, para mim. Prometo largar os vícios, ser gente honesta e íntegra.
A Promessa é deusa da comédia e do drama, que é só riso em palavras, mas fica séria e opaca quando lhe metem com o ódio, coisa que o Futuro já expulsou de seu campo. Não há odio em nossos Futuros. Ainda bem.
Por fim, da criação do Futuro, a Renovação, tão aclamada no dia 01 de janeiro, se encarna no corpo como um respiro agradável. Muitas vezes destruída pela ressaca, a Renovação só é uma reza feita pelos acabados que não largam o osso e geralmente acendem velas também para a Promessa e a Esperança.
Acabados. Esses são os mais otimistas.
Não é o fim. Creio no Futuro e na busca dos sonhos, nas crianças e nos passarinhos. Carrego em mim a Esperança de tudo, faço Promessas vazias e acho graça de meus fracassos. Espero me Renovar, num respiro agradável, para manter acesa esta vela e vislumbrar o horizonte, que será que será.
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