Opinião

Adão dos Açores: Nossa história – ato 5.

Adão dos Açores: Nossa história – ato 5.

Frei de Armento cuidou de seu rebanho até a chegada do Cabeza de Vaca, governador de Assunção. Quem não conhece o famigerado? Quem ousaria enfrentar o mais alto agente da Coroa Espanhola no lado de cá do grande Oceano? Quem não temeria sua bovina fúria?

O Frei não temeu. Tampouco o seu povo recém convertido. Ou era ele, o Frei, que se convertera em um de nós?

Cabeza de Vaca insistiu. Ameaçou. Coagiu. Acabou extorquindo o aceite do Frei. E foram, ele e o Frei e alguns espanhóis e alguns carijós, mato adentro até Assunção, a grande cidade, a capital da Espanha d’além mar. A longa viagem mostrou que o Frei não poderia cumprir seu projeto. Morria a missão franciscana na Ilha de São Francisco. Sumé, o Pai Sumé, desaparecia pra sempre.

Os Jesuítas tentariam outras missões. Muitos homens da Igreja ainda buscaram cativar a alma de meus avós. Mas foram os homens das Bandeiras que afinal cativaram seus corpos. Houve uma guerra entre a cruz e a espada. Meus avós curvaram-se a uma e sucumbiram à outra.

Adão dos Açores

Adão dos Açores é natural da Penha, onde voltou a morar depois de longa ausência. Escreve sobre história e estórias.

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