
As canoas estão lá.
É como uma acolhida generosa que a gente vê o mar pela primeira vez quando se vem mais do norte, rumo ao sul.
Hoje cedo eu vi chegando do mar, lá de longe, num aparecer e desaparecer entre as ondas, neste gigante chamado mar.
Tem dias que dá peixe e quando dá, mulheres limpam, tiram escamas e tudo acontece ali, do lado do gigante, das canoas, dos pescadores, das gaivotas.
Às vezes trazem conchas, presentes de Iemanjá, que guarda as idas e vindas de homens que nascem velhos, tecendo redes.
É preciso transpor a Laje, essa linha de pedras ali na frente, que tenta esconder horizontes dos sonhadores, dos loucos apaixonados que imaginam aventuras para além dali, das ilhas lá.
Esta Praia, centro de tantas histórias, tantos amores, encontros e perdidos, é guardada por um Cristo de braços abertos, do alto do morro.
As ondas quebram, os barcos vão de madrugada pelo canal, Iemanjá olha, Cristo quer abraço e parece que nunca deixou de ser assim.
Onde vi o mar pela primeira vez.
Barra Velha.





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