Publicado por Victor Emendörfer Neto
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O grande rio nasce em algum lugar do planalto norte catarinense, desce pela serra até Corupá e serpenteia em busca do litoral. É o Itapocu, o rio do grande caminho, segundo uma possível etimologia. Adão dos Açores já explicou, aqui na Abertura, que o vale onde hoje se espalha a grande Jaraguá era o trecho final do Peabiru, o caminho dos Andes ao Atlântico. Que grande visão a desses aventureiros, que varavam a América e deparavam o mar à luz do sol nascente! Que paraíso era esse vale, último cenário – e decerto o mais impressionante – da longa caminhada até o Oceano!
Ainda hoje o cenário é paradisíaco. A região do Vale, que recobre a bacia do Itapocu, é de uma beleza espantosa. Perdidos nas ruas barulhentas de nossos cotidianos, às vezes nos esquecemos disso.
A Abertura, então, convida-nos a lembrar dessa beleza em que estamos imersos. E propõe, como um exercício (e uma provocação), a lista dos lugares mais belos desta região. As sete maravilhas do Vale.
Cada uma das maravilhas será apresentada por um de nossos colunistas. A partir de amanhã, uma maravilha por dia. Um texto, uma evocação pra cada uma. Haverá contestações à lista que revelaremos ao longo da semana; aliás, todos estão convidados a questionar e a contribuir (fotografias são muito bem-vindas). Haverá injustiças, inevitavelmente. Mas estamos convictos de que, ao fim desse exercício (ou dessa provocação), estaremos mais atentos ao lugar que habitamos – e mais gratos.
Primeira Maravilha: o Morro das Antenas
É fim de tarde, há silêncio, não há nuvens no céu. Capturem a visão: ao poente, a terra ondulada do planalto; ao nascente, o mar e a lua nascendo cheia. Abaixo, a cidade, as ruas, o rio. Acima, já noite, há astros como nunca se viu – e nunca de tão perto.
Não há um dia de lua cheia em que, havendo tempo bom, eu não suba às Antenas. Levo sempre meus filhos. Tento lhes ensinar a mergulhar em vastidões. A do horizonte emoldurado pela serra e pelo mar. A do céu, em que exercitamos a astronomia lúdica das crianças. E a vastidão da memória, vendo-se Jaraguá desde o alto, desnudada.
Já prometi levá-los ao Pico Jaraguá, pela trilha que sai das Antenas. Passaremos pelo Morro do Meio. Levaremos junto o Tufão, nosso cachorro. É um passeio espetacular. Cumprirei a promessa com gosto. Até porque eu a fiz solenemente diante da Chiesetta, de onde olhávamos a torre e Marte e Aldebaran numa tarde, talvez já noite, de maio. Há também, nessa igrejinha no caminho do Morro, espaço pra voos altos.
Enquanto não cumpro a promessa, sigo levando meus filhos a visitas às antenas nas tardes de lua e nos domingos de sol. Sempre tentando despertar seu gosto pelas visões vastas. Sempre admirando os mergulhos das asas deltas. Sempre propondo, implicitamente, que esse seja o lugar aonde retornaremos – pra sempre.
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