
Ensaio sobre a Cegueira é um dos mais aclamados livros de José Saramago. Também um dos mais imersivos, por assim dizer. O leitor vivencia uma experiência visual – ou melhor, sensorial. Também ele, leitor, experimenta a cegueira que se espalha, epidêmica.
A instalação de Simon Stephens, baseada na obra do escritor português, resgata a experiência imersiva proposta no livro. De um modo talvez ainda mais intenso. Em todo caso, genial.
O New York Times cobriu a estreia da instalação na Donmar Warehouse, em Londres. A reportagem destaca não apenas a originalidade da obra, mas também sua adequação a estes tempos de pandemia. O espetáculo foi projetado para atender as regras de distanciamento social, sem perder a intensidade. Ao contrário: a experiência, com lâmpadas luminosas e headphones, é impactante justamente porque ‘isola’ cada um dos envolvidos.
A voz da única “atriz” do espetáculo toca os ouvidos do público. Inicia a narração contando como o primeiro homem se tornou cego enquanto dirigia seu carro. Diz a reportagem: “quando a voz cita a declaração confusa do homem (‘Eu fiquei cego!’), as luzes se apagam!”
Então vem a cegueira. E começa a história.
Comentários: