A Chapecoense é o único clube de Santa Catarina na Série A do Campeonato Brasileiro. Assim, as atenções dos fãs do futebol de nosso estado se voltam para o Verdão do Oeste. Com a perda do Campeonato Catarinense, a queda de rendimento após a saída do treinador Umberto Louzer e a eliminação da Copa do Brasil para o ABC de Natal, que disputa a Série D do Nacional, há quem diga que a Chape será “saco de pancadas” no Brasileirão. Mas será que a disparidade é tão grande assim em comparação com outros clubes da elite?
Chapecoense aposta em jovens jogadores
Diferente de outros clubes de SC quando montam o plantel para a elite, a Chapecoense preferiu rejuvenescer o elenco. De acordo com o site Transfermarkt, a média de idade do time em 2021 é de 25,7 anos. A saber, os dois grandes destaques no ano até agora têm 23 anos de idade. São eles o meia Ravanelli e o atacante Perotti.
Com as linhas de defesa e meio bem avançadas, o elenco demonstrou que consegue propor o jogo até mesmo contra grandes clubes do país. No jogo diante do Atlético-MG, no Mineirão, pela 5ª rodada do Brasileirão, os comandados esbanjaram fôlego ao pressionar a saída de bola de um dos plantéis mais caros do futebol brasileiro. Essa estratégia rendeu um ponto na bagagem de volta para Chapecó, no empate por 1×1.
Porém, jogadores com pouca experiência costumam oscilar nas suas performances, e isso é normal, mas em jogos importantes podem custar caro. O maior exemplo disso foi a derrota para o ABC de Natal, onde após vencer o primeiro jogo por 3×1 na Arena Condá, conseguiu levar o troco na capital potiguar. Derrota por 3×1 e a eliminação na Terceira Fase da Copa do Brasil 2021.
Quanto ao esquema tático, contra o Galo, Jair Ventura optou por montar um 4-5-1, povoando o meio campo e deixando o artilheiro Perotti teoricamente isolado no ataque. Na prática, o esquema varia às vezes para um 4-4-2, já que Anselmo Ramon é presença constante na área adversária.
Na fase ofensiva, os grandes lances vieram das alas e com tabelas, ultrapassagem dos laterais parece ser uma tônica, e nessas situações, o meia Ravanelli, que tem 1,80 de altura, chega bastante nas proximidades do gol.
O verdadeiro campeonato da Chapecoense
Apesar de demonstrar a atitude de times da metade de cima da tabela, sabe-se que a luta da Chape neste ano é pela permanência. Assim, o que a equipe não pode perder são os pontos contra times que devem ser seus adversários diretos próximos ao Z4. E alguns deles merecem uma abordagem mais cuidadosa.
Juventude
O Juventude subiu como terceiro colocado na Série B 2020, e aposta na mescla entre juventude, com o perdão do trocadilho, e experiência. Para Carolina Freitas, repórter do Gaúcha ZH que cobre o futebol de Caxias do Sul, o grande ponto forte deste plantel é o talento individual.
“Um dos pontos fortes, entendo que será a qualidade individual. Na última partida, o Marcos Vinicios, que foi o artilheiro do Ju” no Brasileirão de Aspirantes do ano passado, entrou muito bem. Lembro de, pelo menos, três boas jogadas individuais dele. Inclusive, a do gol. Acho que tem tudo para ser um grande nome do Juventude na Série A”
Entretanto, Carolina ressalta que a equipe gaúcha tem alguns pontos fracos que devem ser considerados, como insegurança e inconsistência nas atuações.
“Entendo que nos jogos com Athletico-PR e Palmeiras, isso ficou bem visível. Nas duas partidas, a equipe fazia um bom primeiro tempo, no quesito defensivo. No entanto, na segunda etapa, não conseguiu segurar-se em relação à pressão do adversário. {…} Acho que outro ponto extremamente negativo, em um campeonato desse tamanho, é a insegurança de alguns atletas. No confronto com o Palmeiras, teve um lance na etapa inicial, quando o placar ainda estava zerado, em que vários atletas tiveram a chance de finalizar, dentro da área, mas nenhum sentia segurança o suficiente. Então, era um “deixa que eu deixo”, ou seja, um passava para o outro e ninguém conseguiu uma boa finalização.”
Neste contexto, segundo ela, nomes como o de Matheus Peixoto merecem destaque. Já que ele demonstra a segurança que parece faltar em outros atletas.
Cuiabá
Já o Cuiabá, que veio como o quarto colocado da segundona, é o primeiro time do Mato Grosso em 35 anos na Série A. O começo de temporada da equipe na elite já foi conturbado. Logo após a primeira rodada, o treinador Alberto Valentim foi demitido. A diretoria alegou mau desempenho desde o estadual, mas repórteres da região suspeitam de uma possível interferência dos cartolas no futebol dentro de campo.
Ainda é cedo para analisar, o clube teve alguns jogos adiados devido a disputa da Copa América na Arena Pantanal, casa do Cuiabá. Então, o projeto de ascensão pode render frutos, mas isso funcionará caso os bastidores na capital mato-grossense se acalmem.
América-MG
Por fim, o América Mineiro, que foi o vice-campeão da B ano passado, viveu momentos turbulentos nesta temporada. O treinador Lisca deixou o cargo alegando não conseguir tirar mais daquele plantel. Apesar de ter mantido a base, o Coelhão parece ter sentido o baque da saída de sua sólida zaga titular, formada por Bauerman e Messias. Agora a direção mineira aposta em Vagner Mancini, que fez um sólido trabalho no Atlético Goianiense e pode reavivar este elenco.
Em suma, talvez seja cedo demais para dizer que o Verdão será o saco de pancadas desse campeonato. Os jogadores e o técnico já demonstraram coragem e método contra a parte de cima da tabela. Enquanto a parte de baixo tem seus altos e baixos, assim como a Chapecoense, e buscam ao longo das rodadas encontrar a consistência que falta. No fim das contas, decretar a Chape como a lanterna pode ser um erro fatal. Esse time se supera, como o fez muitas vezes em seu histórico recente.
A revista do futebol catarinense, agora online. Por Lucas Stank e Zé Maia.
Zé Maia acompanha e comenta o futebol catarinense, especialmente as divisões inferiores do campeonato estadual. Integra o Núcleo de Jornalismo Esportivo da UFSC, onde é estudante. Foi comentarista esportivo da Rádio Mais Alegria, Rádio Ponto UFSC e atualmente produz conteúdo para a página Divisão de Acesso e o blog Série SC.
Estudante de Jornalismo da UFSC, Lucas sempre fui um apaixonado por esportes, e isso foi um dos grandes motivos dele ter escolhido jornalismo. Lucas é redator dos portais Futebol na Veia, FNV Sports e Quinto quarto. Além disso, produz conteúdo para o blog Série SC
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