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Colômbia, maio de 2021

Colômbia, maio de 2021
Bogotá, 4 de maio de 2021. © Juan Barreto/AFP

A Colômbia vive dias agitados. Protestos tomam as ruas do país desde que anunciadas, pelo Governo Federal, a intenção de realizar uma “reforma tributária” repudiada por grande parte da população. Dias depois do início dos protestos, o Presidente da Colômbia, Iván Duque Márquez, anunciou a revogação das medidas mais impopulares previstas na reforma. Alberto Carrasquilla, Ministro da Fazenda e um dos autores do projeto da “reforma”, renunciou ao cargo. Mas os protestos não cessam; e a violência, especialmente a do governo, só aumenta.

O repúdio à anunciada “reforma tributária” parece ter sido apenas o estopim de um movimento mais amplo. Os protestos têm vocalizado a insatisfação de grande parte da população colombiana com o governo de Duque. Segundo reportagem da CNN, “o crescimento da pobreza, que alcançou 42,5% da população colombiana no ano passado em meio à pandemia da Covid-19, agravou desigualdades e interrompeu os ganhos do desenvolvimento da Colômbia. A população vivendo em extrema pobreza aumentou em 2,8 milhões durante 2020.”

A reação do governo aos protestos foi violenta. Pelas redes sociais, Duque afirmou existirem “organizações criminosas” por trás das manifestações populares. A Defensoria do Povo da Colômbia informou, na terça-feira, 4, que há cerca de 350 feridos e 24 mortos nos protestos. Até então havia 89 pessoas desaparecidas.

As Nações Unidas informaram, no site da Entidade, que “o Escritório da Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU está profundamente alarmado com a situação em Cáli, na Colômbia, onde a polícia abriu fogo contra os manifestantes que protestavam contra as reformas tributárias no país.” A porta-voz do Escritório Maria Hurtado disse estar em “profundo choque” e enviou solidariedade aos feridos e suas famílias. “Estão nos matando”, diz o cartaz empunhado pelo jovem na foto que ilustra esta matéria. Há fortes razões pra crer que ele diz a verdade.

Vários analistas têm comparado a situação da Colômbia àquela vivenciada no Chile há pouco tempo. Em ambos os casos, os mesmos elementos: a insatisfação popular diante de uma política econômica pouco atenta às necessidades básicas da população; e a violência do governo diante dos protestos, o que só aumenta a adesão à causa dos manifestantes. No Chile, muitas conquistas foram alcançadas; mas às custas de muitas vítimas. Os protestos na Colômbia talvez possam ajudar a corrigir as mazelas de uma sociedade ainda tão desigual; mas o governo, ao reagir a eles, talvez abuse de suas forças contra o próprio povo. 2021 é um ano que ficará marcado na história do país. Espera-se que esse marco histórico, no futuro, seja motivo de comemoração, não de tristeza ou vergonha.

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