Arte

Depois da humanidade

Depois da humanidade

Werner o astronauta viu a hecatombe pela janela da nave. As entranhas da terra emergiram. O gelo dos polos se desfez. Uma fumaça negra encobriu o planeta azul: quando ela se dissipou, ele tinha outra cor. 

Ao aterrissar ele era o único homem vivo e a terra, um único deserto. Ele desbravou a geografia muda da solidão. Sobre a duna everéstica deixou cair a última lágrima da história. 

Finalmente pensou no passado e futuro. Deus errou ao criar a humanidade? Também a Deus só resta o suicídio?

E soube, enfim, por qual razão viver: ele e Deus precisavam ser salvos. 

E foram. Em meio às ruínas do mundo ele achou um templo. Ali viveram ambos, ele  e Deus, até o último instante.

Werner Schön

Werner Schön tenta fazer literatura. Em Jaraguá do Sul.

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