A primeira faixa começa como qualquer coisa pop da black music, soando como Bruno Mars ou Lenny Kravitz (na verdade, eles soam como Curtis Mayfield): então vem o refrão e todos cantam: o coro, as crianças, o Harlem inteiro – We are, we are, we are the golden ones! A segunda faixa expande a paleta de cores: os arranjos evocam Amy Winehouse: estamos na fronteira entre o funk, o R&B e o jazz. A terceira é uma balada: toda a arte vocal de Jon Batiste vem à flor da pele – e todo o lirismo.
Paremos por aqui: são 13 faixas. Basta dizer isto: ‘We are’ é um discaço. Uma síntese renovada da black music. A lúcida proposta de novas direções. Não por acaso deu a Jon Batiste o prêmio mais valioso do Grammy: o álbum do ano.
Herdeiro de uma famosa linhagem musical de New Orleans, Jon Batiste é figura célebre entre os mais antenados apreciadores da música americana. Já lançou oito álbuns e tem diversos trabalhos paralelos bastante considerados – especialmente com a Stay Human Band, que tão bem expressa as raízes alabâmicas de seu líder. Gravou com lendas como Steve Wonder e Prince (ou, se preferirem, Willie Nelson e Ed Sheeran). De resto, basta mencionar que Batiste é simplesmente o “creative director” do “National Jazz Museum in Harlem”. O cara é foda.
‘We are’ é um álbum à altura do prestígio de seu autor. O grammy que conquistou, um prêmio à altura de ambos. Jon Batiste definitivamente entra na lista dos artistas que não podemos ignorar. Mais um fruto precioso da fina cepa da grande música que jorra na foz do Mississipi.
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