
Eu vi o barulho da chuva e respondi ao assobio do vento
Da janela, em silêncio e muito distante
Na ponta no canto um sol risonho promete
Sem surpresas e respeitei meu cansaço
Talvez um dia quando reler estas palavras eu sinta
Um arrependimento profundo de não ter sorrido
De não ter saído até ali naquela chuva
Respeitado demais as regras da normalidade
Saí antes que fosse tarde
Antes que a chuva pare
Antes que o sol surja na ponta no canto
Antes do silêncio engolir nossas vontades
Vi a água bater nos meus óculos
Desses para ver de perto
Tão, tão perto que me diz
Pendurado nas orelhas
Que ando afogado em distâncias
Tantas e tantas torturantes
É aqui comigo quem me pergunta
Quem me cochicha verdades
O frio entrou até alcançar minha pele
Fez luta com meu calor
Me tirou de dentro de forma abrupta e senti
Isso que evitava, que fugia sem saber, sem querer
Tive memórias de um princípio só meu
Que a chuva faz parte de viver
Já fui sozinho nos boicotes aos guarda-chuvas
E um orgulhoso das meias encharcadas
Já fui mais louco e os riscos eram aqui fora
E palavras nem molhadas darão conta da vida
Lembrei e foi aí que sorri aqui dentro
Me encontrando ali
Batendo uma foto
Para ilustrar o poema
Guardando um segredo
Para reler um dia
E não me arrepender
Que o sol só promete
Foi isso.
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