
Mais de 50 anos após o fim dos Beatles é difícil pensar que os fãs e apreciadores ainda veriam algo completamente inédito sobre a banda mais popular do planeta. Porém, The Beatles: Get Back chegou para apresentar diálogos, interações e lados nunca vistos de Paul, Lennon, Ringo e Harrison durante o processo de composição e gravação do disco derradeiro dos garotos de Liverpool, o atemporal “Let It Be”.
A série disponibilizada em três partes de mais de duas horas cada (entre 25, 26 e 27 de novembro), coloca o espectador em uma verdadeira viagem até o Apple Studios naquele janeiro de 1969. “Queria que parecesse que estamos na sala com eles, e não tem nenhuma câmera entre nós”. As aspas são de Peter Jackson, já consagrado por Senhor dos Anéis e o grande responsável por escolher o que viria a público daquele acervo (quase) interminável de 57 horas de gravações cedidas por Michael Lindsay-Hogg, que dirigiu o filme Let It Be, de 1970.
Apesar de retratar um intervalo minúsculo, de apenas um mês, a obra mergulha no conturbado processo criativo dos Beatles, que na época tinham menos de três semanas para compor e gravar Let It Be. E é aí que está o grande tesouro de Get Back: onde é possível ver hinos sendo criados do zero, e a interação entre figuras históricas da música. A série também promete mostrar os bastidores da icônica e última apresentação do grupo no topo do prédio em Londres.
Com mais de 50 horas de arquivos brutos e inéditos da banda, Peter Jackson tinha em mãos um material riquíssimo. Mas não bastou organizar e escolher o que seria feito com as horas e horas de gravações, para produzir Get Back foi necessário um trabalho de recuperação das imagens e principalmente dos áudios captados décadas atrás. Esse é um dos pontos mais valiosos da obra, que chamou atenção pela qualidade e nitidez chamou desde os primeiros teasers.
“Você tentava ouvir as conversas e tinha guitarras sendo afinadas, e você se irrita porque quer ouvir os diálogos e a guitarra entra no meio” disse Jackson na coletiva de lançamento de Get Back. A solução nada simples para o problema veio de outra situação parecida: em They Shall Not Grow Old, o diretor já havia desenvolvido uma técnica para reconstituir e colorir imagens da Primeira Guerra Mundial. Ainda assim, diferente do caótico som de uma batalha armada, aqui o desafio era ainda maior, o de resgatar a sonoridade dos Beatles em meio aos ensaios (também caóticos) da banda. “Conseguimos equilibrar tudo e fazer soar bem”, afirma.
Por meio do uso de uma inteligência artificial foi possível isolar instrumentos e vozes dos integrantes, fazendo com que guitarras, mas também as discussões e conversas, pudessem ser ouvidas. O resultado é um retrato fiel que faz o espectador se sentir junto daquelas figuras do vídeo.
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