A Austrália tem sido terra brasileira nas últimas semanas. Ou melhor: mar brasileiro. Nas três últimas etapas do mundial de surfe, todas no país dos cangurus, o Brasil fez a festa. Ítalo Ferreira ganhou a primeira; Gabriel Medina, a segunda; Filipe Toledo, a terceira. Nesta última, encerrada ontem, deu Brasil também no feminino: Tatiana Weston-Webb levou o caneco. Medina, Ítalo e Filipinho, nesta ordem, são os primeiros do ranking mundial. Entre as mulheres, Tati é a segunda. A Austrália virou nosso quintal: brazilian backyard. Reza a lenda que os aussies até já aprenderam a cantar o hino brasileiro, de tanto que toca por lá: “ouvirram do Ipirranga”… kkk.
Serão nove etapas até se definirem os top five. Estes disputarão uma etapa final em Trestles, na Califórnia. Quem ganhar essa etapa será o campeão da temporada. Sim, é isso mesmo. Não, não faz o menor sentido: os caras disputam o campeonato durante o ano inteiro, mas definem o campeão num dia – e tudo o que aconteceu nas nove etapas não conta mais. A WSL, entidade que organiza a competição, diz que é uma temporada excepcional; por isso inventou soluções excepcionais. Sei lá, achei esquisito.
O fato é que essa última etapa, em Trestles, vai ser alucinante. E sou quase capaz de apostar: os três brasileiros vão estar lá. Aliás, os quatro: três no masculino, uma no feminino. Medina, Ítalo, Filipinho e Tati. Wow!
Filipinho sonha com o título mundial
Point break do australian west, Margaret River tem dois spots: Main Break e The Box. O primeiro é uma onda longa que abre pra direita e pra esquerda. O segundo, um tubo temperamental que só roda de quando em vez. A etapa foi toda em Main Break. Quase todas as ondas surfadas foram direitas. Condições ideais pro Filipinho.
E ele passou a patrola. Surfou demais. Pegou a manha das direitas de Margaret. É onda pra três, quatro manobras. A primeira, uma paulada no lip. Daí um cut back ou dois, ou outra paulada. No fim uma paulada na junção e o pouso na espuma. Felipinho soltou um sarrafo furioso em western Australia. Venceu o Ítalo nas quartas de final, numa bateria irada. Depois passou pelo sul-africano Matthew McGillivray. Na final, valendo a vaga no top five, superou o também sul-africano Jordy Smith. Vitória indiscutível.
Essa vitória era exatamente o que ele precisava. Sim, eu sei: todo competidor precisa de vitórias. Mas Filipinho, especialmente. Digo por duas razões. Com essa vitória ele se credencia a estar na etapa final, entre os top five, em Trestles. E em Trestles, no pátio de casa, backyard, ele surfa pacará. Se ele chegar lá, é fortíssimo candidato ao título mundial.
Tati, musa e fera
Sou mais que um fã da Tati. Ela exerce sobre mim, sei lá, um fascínio. Fico vidrado quando ela tá na bateria. Acho que tô apaixonado, sério. Ela é comprometida, eu sei. Mas minha paixão, vocês sabem, é platônica. Pura e totalmente.
Não é só porque ela é bonita. E nem só porque surfa bem. São as duas coisas, uma agravando a outra: porque ela surfa bem, fica ainda mais bonita; porque é bonita, seu surfe é ainda mais sensacional.
Cada vez mais sensacional. Tati ganhou a etapa após disputar a final com Miss Gilmore, simplesmente a maior da história. Uma vitória espetacular. Sua temporada é fantástica: foi a terceira em Pipe; foi vice em Narrabeen. Tem surfado com uma garra de fera. Tem tudo pra estar em Trestles no fim do ano. É uma das candidatas ao título mundial.
Tati é isso: fera e musa. Se bem que as duas coisas se confundem, pois é fera e é musa pela mesma razão. A beleza da Tati não é só aparência. Seu surfe não é só movimento. Tem algo nela, in the very core of her essence, que parece uma luz. E esse algo transparece em tudo: na pele, no sorriso, no surfe. Pois no surfe, afinal, o que conta é o brilho: o que é uma nota 10 senão o reconhecimento de que alguém fez, numa onda, o movimento mais brilhante que se podia esperar?
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