Peguei forte no trampo nesses últimos dias. Corri feito um louco, virei as madrugas, suei a jaqueta. Tudo por quê? Por uma só e obsessiva razão: o feriadão. Eu queria passar os quatro dias surfando de boas. Por horas seguidas. Sem pensar em mais nada. Até não aguentar mais.
Hoje acordei cedo. Tinha dias que eu nem via o mar. Saí de bike com a prancha a tiracolo. Parei em frente ao Syphodys: tava flat. Não tinha onda nem pra um jacaré com os meninos. O mar mais achatado que uma arrozeira de Massaranduba. Pensei comigo: não é possível.
Peguei a zica e pedalei até a Praia do Sol. Ali da estátua já vi: flat. Disse a mim mesmo: putz. Parei dois minutos pra pensar no que fazer. Voltar pra casa? Tirar um marisco na pedra? Tomar uma no Nico?
Decidi pedalar até a Península. Passei pelo Tabuleiro. Olhei o canto das Canoas. Parei a magrela em frente à Kanaxuê e dei uma espiada: flat. Não me conformei. Fui até a rua que sobe. Dali à barra do rio. Nada, nada, nada: tudo flat.
Soquei o guidão da bike e esbravejei: maldito Netuno. Eu sei lá quem ele é. Conheço a figura do desenho do Aquaman. E do Bob Esponja. Mas, enfim, eu tinha que achar um culpado. O mar é muito grande pra ter culpa. Deus também. Então decidi praguejar contra Netuno.
Voltei pro Jacques pedalando devagar. Aos poucos a frustração foi arrefecendo. Tomei uma no Kioske da Fafá. Ouvi de longe a gargalhada expansiva do Aldair. Isso me fez sorrir a alma. Fui tocando pro sul. Passei pelo Dr. Mauricio carregando o long board. Passei pelo Murilo carregando a pranchita. Passei pela Camila, menina cheia de graça, que vem e que passa no doce balanço do mar. Colhi um marisco no Costão do Tabuleiro. Tomei outra no Nico. Cheguei em casa a tempo pro almoço. Fizemos, eu e a minha morena, uma porção ao bafo com vinagrete. Abri a carvalhosa que ganhei do Serjão. E então refleti profundamente: que coisa mais linda é essa vida em Barra Velha. Nos braços desse pensamento tirei uma pestana até se pôr o sol.
Só então fui dar um look no forecast. O gráfico do CPTEC tá desenhando um sweel bombado amanhã. Sei não, mas acho que vai dar onda. Se o vento sul mitigar, vou dar um confere na Laje. Se não, dou a queda no Sol. Em algum lugar vai ter surfe. Bendito Netuno!
todos as fotos são de Jojó do Jacques, tiradas nesta quinta-feira, 3. O autor infelizmente não capturou imagens do Syphodys; se nossos leitores se dispuserem a suprir a falta, publicaremos com prazer.
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