Se você quer mudar a atitude ou o comportamento de alguém, você precisa saber como se comunicar com esse público. Isso serve para ensinar seu filho de seis anos, serve para as empresas apresentando produtos aos consumidores, e serve para o estado brasileiro orientar cidadãos em uma pandemia.
Comunicação vem do latim ‘communis’, que significa comum. Quando me comunico, quero tonar comum o que sei para a outra pessoa. Faz sentido. No caso do seu filho de seis anos, ele não conhece as ameaças do mundo. Converse frequentemente e, na medida do possível, torne isso comum a ele. No caso dos cidadãos, também eles não têm o dever de conhecer a situação sanitária e as saídas para enfrentá-la. Se você está diante de uma doença ainda desconhecida, o cuidado com a comunicação deve ser redobrado. Cabe a você tomar a frente, acionar quem mais entende do assunto para se juntar à equipe, e criar um esforço multidisciplinar para tornar a orientação eficaz, e, claro, comum a todos.
Nosso comportamento rotineiro está muito conectado com nossas crenças. Se não me disseres nada sobre como devo me comportar diante de perigo que desconheço, e se eu não conseguir me informar sozinho, acabarei escolhendo a postura adequada no meu repertório, conforme meu limitado conhecimento. Não se comunicar com a sociedade é um crime, pois você a deixa à deriva. E isso piora em um ambiente com muita desinformação.
Portanto, o processo de comunicação, em qualquer nível, não é acessório. Ainda mais em um país com tanta gente diferente em seus perfis e crenças. A comunicação é vital. A comunicação pode representar a diferença entre vida e mortes. Nesse momento, a ordem é agir com a razão e com empatia, e colocar a comunicação fundamentada para trabalhar urgente. Desde o primeiro minuto. Com responsabilidade.
Mas como se dá a comunicação? Sem menosprezar as campanhas – algumas conseguem ir fundo e nos sensibilizam imediatamente –, a maior parte da comunicação não se dá por meio de campanhas ou palavras. Se dá com o exemplo. Quando você é influenciador ou fonte de credibilidade para a população, seu comportamento vale mais do que mil palavras. Mesmo que mil especialistas afirmem como elas devem agir, sem o exemplo elas não vão comprar a ideia.
Voltemos à pandemia, e encerro o texto de propósito, para nossa reflexão.
Será que no caso do estado brasileiro, se acontecer um “erro” na comunicação, as atitudes e os comportamentos resultantes não podem ser fatais? Até sem a plena consciência das pessoas que estão morrendo, que são levadas ao erro pela comunicação e exemplo? Será que a falta de comunicação ou a má comunicação com a sociedade não é um crime tão repulsivo quanto o crime de corrupção ou de assassinato?
A comunicação pode nos proteger. E pode nos matar.
Karlan Muniz é publicitário, mestre e doutor em administração, professor de marketing e comportamento do consumidor. Atua como consultor para análise e pesquisa de mercado.
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