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Marte e Mercúrio, Nodo e Lilith

Marte e Mercúrio, Nodo e Lilith
Foto de Bryan Minear

Nos últimos dias do Sol em Leão, dois eventos me prendem. Em Virgem, aonde o Sol logo vai, Mercúrio e Marte em conjunção. Em Gêmeos, onde esteve há pouco, Lilith alinhada com Nodo Norte.

Nodo não é um astro. É uma coordenada. Representa a interseção entre os trajetos do Sol e da Lua. Não são exatamente os trajetos: são traços que ambos descrevem na tela do céu. Nesta tela, que é o que o céu parece aos nossos olhos, esses traços se cruzam. Nodo é o ponto deste cruzamento. Quando a Lua, nova ou cheia, está nessa coordenada, é eclipse. 

Nodo representa o limiar do tempo. Em sentido Norte, é abertura ao futuro; em sentido sul, ao passado. Há quem diga que essa abertura permite ver outras vidas: as anteriores e as posteriores. Há que se crer, neste caso, em ciclos e encarnações. Vejo Nodo como um desafio ao ego: entre o passado e o futuro, ele se estica como uma daquelas pontes chinesas sobre abismos sagrados. O alinhamento com Lilith, a estrela libertina, sugere um desafio ainda maior: no meio da ponte, babando de êxtase, rimos do tempo e brindamos à vida. 

A vida, porém, às vezes ruge. Como uma fera, ela nos intimida. Ambos em Virgem, Marte esgrime armas afiadas enquanto Mercúrio mostra o caminho do Hades. Conjunção crispante, parece imitar o mundo cheio de Brasis e Afeganistões: o mundo que se devasta de fogo e ódio. Marte, ou Ares, é o Deus da guerra. Mercúrio, ou Hermes, é associado ao comércio, à economia, aos lucros. É uma conjunção poderosa que terá, em poucos dias, também o Sol. Pode ser uma combinação terrível, de efeitos devastadores. 

A semana começa sob a intensa influência destes dois eventos. Entre o êxtase e a guerra, entre o brinde à vida e o culto aos lucros, é preciso saber decidir. A vida ruge, o ego estica-se sobre o abismo, os astros apontam encruzilhadas – mas a consciência há de mostrar o caminho. Na terra firme da consciência nós pisaremos e então, com a fronte erguida, poderemos seguir.  

Cármen Calon

Cármen Calon é astróloga com amor pela, e às vezes pânico diante da, astronomia.

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