Itajaí está na barra do grande rio das pedras, que nasce nas fontes das terras altas do oeste, terras com longos caminhos até os Andes. O Itajaí é o maior dos rios que só cursam o território de Santa Catarina. A cidade, na barra do rio, é a grande porta ao interior do Estado.
Meu avô contava que Bento Gonçalves, escapando da perseguição imperial, entrou com sua embarcação rio acima e se fixou por um longo tempo no Escalvado. Não há registros suficientes dessa história, mas ela me soa plausível. O grande rio parece convidar à navegação. Parece dizer aos homens do leme: venham, entrem! Itajaí tem uma inequívoca vocação: a de ser um porto. Do porto nasceu a vila; da vila, a cidade; da cidade, a grande Itajaí.
A região entre o Rio Piçarras, ao norte, e o Rio Camboriú, ao sul, tem Itajaí como centro. Entenda-se bem esta palavra: centro é o núcleo, a medula, a espinha dorsal dessa região tão populosa e tão rica. O porto é a fonte principal dessa riqueza econômica e cultural. Por ali chegam as coisas do mundo inteiro: as mercadorias e as histórias, o dinheiro e a cultura. E assim, banhado por essa riqueza, fez-se o povo desta região.
A herança açoriana, tão flagrante, convive com a alemã e a italiana. Anterior a elas, há a herança dos carijós, cujos barcos já riscavam o grande rio muitos séculos antes que os europeus habitassem essa terra. Todos eles, e outros tantos povos com tantas outras heranças que fazem a história de Itajaí, sempre viveram em volta do porto, em perpétuo diálogo com o mundo.
Itajaí, a cidade, é sobretudo isso: a gente nossa, tipicamente catarina, atravessada pelos ecos desse contato com o mundo. Há algo ao mesmo tempo provinciano e cosmopolita nessa gente. Há sempre vozes daqui e de alhures no porto. A história desta terra se produz misturando-se às histórias do mar e do que fica além.
Hoje é o dia de Itajaí: a cidade completa 161 anos. Mas essa data assinala apenas uma efeméride, um marco oficial – não um aniversário. Pois Itajaí não tem idade. A vila, que antecede a cidade, tem pelo menos 200 anos. E o porto, neste lugar incrível em que o mar encontra o grande rio, é tão velho quanto este. Na verdade, a idade deste lugar não se conta em anos. Esse nome, Itajaí, há muitos séculos é falado por homens que vivem aqui. Na barra do grande rio, homens e povos se encontraram e se encontrarão para fazer a história desta terra – há muitos séculos, por muitos séculos mais.
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