Arte

O muro e a árvore

O muro e a árvore
@fabiogomestrindade no Instagram

Talvez o artista seja Fábio Gomes Trindade. Talvez o lugar seja Trindade: o artista, apenas Fábio Gomes. Talvez o muro seja o da sua casa. Talvez a árvore, uma primavera. Talvez a arte seja “de rua”, ou a rua em si seja a arte. Não sei: vi o artista e o lugar, o muro e a árvore, a arte e a rua – tudo em posts no Instagram. Talvez essa arte seja algo novo. Só tenho uma certeza: nunca vi nada igual.

O artista faz grafite em muros. Os muros estão sob a copa de árvores. A arte compõe-se de ambos: cada muro e cada árvore. O artista desenha em um e sob a outra. Em e sob: as preposições de seu trabalho.

O desenho é belo: traços fluidos, cores harmônicas, rostos luminosos. Mas é só parte da arte: tudo repousa sob os galhos, as folhas, as flores. E estas e essas e aqueles se tornam a vasta da cabeleira da mulher ou da criança linda linda de morrer.

Não, não: não há nada de morrer nisso. A arte é viva. Os galhos crescem. As folhas multiplicam-se. As flores explodem de cor. A luz e a sombra evocam o sol. O universo converge no impacto da imagem sobre nós.

Pelo que sei, não tem nome essa arte nova. Talvez devesse ter. Um que designasse essa dupla: o
muro e a árvore. Ou outra: o desenho e a natureza. Ou outra ainda: o Homem e Deus (ainda que tudo, nessa arte, seja a concepção deste (ainda que tudo, nessa concepção, só possa ser obra daquele)). Enquanto isso, segue a arte assim: inominada. Em um muro. Sob uma árvore. Diante de uma rua que seja em si a arte que nunca vi igual.

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