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Órion no céu do norte

Órion no céu do norte
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Uma viagem me fez atravessar a Linha do Equador. Havia anos que eu não via o céu do hemisfério norte. Hoje vi. Uma hora antes do nascente eu estava num deserto árido e vazio. Mas sob um céu repleto de estrelas.

Não são exatamente as mesmas. Não é exatamente o mesmo céu do sul (cada ponto da terra, diria o sábio chinês, tem um céu só seu). Leão e Câncer apareceram hoje mais destacados no poente desta latitude. A Ursa, lindíssima, rugiu faiscante. A estrela do norte é a referência central. Sob o céu deste hemisfério nasceu a astrologia em alguma noite epifânica da antiga Pérsia: um pouco disso, um rasgo finíssimo dessa sublime epifania de Zoroastro, eu tive hoje.

Mas, vejam que curioso, minha atenção se voltou a uma constelação bem conhecida: Órion. Sempre foi minha preferida. Desde criança, quando eu olhava o céu perdida entre sonhos, ele era o protagonista das histórias que eu ali criava. Não sei por quê. Talvez por causa das três marias em seu cinturão. Talvez porque Sírius, a estrela mais brilhante, parece sempre ser seu eterno alvo. Talvez, quase certamente, por sua pose altiva de caçador.

Na véspera da Lua nova em Virgem, o eterno caçador me flechou novamente. Órion bem poderia ser um décimo terceiro signo, entre Touro em Gêmeos. Também ele despertou a paixão e a ira dos deuses. Também ele, desde o céu em que foi eternizado, influencia nossa vida. Mas não, ele não está entre os doze lotes do céu astrológico. Talvez porque Zoroastro não quis. Talvez simplesmente porque sua flecha seria certeira demais.

Cármen Calon

Cármen Calon é astróloga com amor pela, e às vezes pânico diante da, astronomia.

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