No último dia 22, precisamente às 18 horas e 35 minutos, o Sol entrava em Virgem. Momento cristalino: Mercúrio, regente do signo, também estava ali; Júpiter e Saturno flutuavam em Aquário; Marte e Vênus se despediam no crepúsculo de um dos dias mais belos deste inverno deste nosso hemisfério sul. Tudo isso enquanto a Lua cheia nascia em Peixes, abrindo a noite primeira do tempo de Virgem.
Virgem é a Rainha da Era de Ouro. Atentem à compreensão grega da trajetória do homem: a decadência do ouro à prata, e desta ao bronze. A primeira era humana, de ouro e paz, foi corrompida pelo fogo que nos trouxe Prometeu. A Rainha Virgem, enquanto chora de desilusão, deixa a terra – e se torna, por vontade dos deuses, uma constelação no céu.
Há outra versão do mito. Virgem era a filha de Ícaro, o homem que sonhava voar. Baco lhe ensinou o segredo do vinho e, tendo ele dado a bebida a alguns pastores, estes acharam que haviam sido envenenados; por isso, mataram Ícaro. Sua filha, enquanto chora de desilusão, enforca-se – e se torna, por vontade dos deuses, uma constelação no céu.
Nos dois mitos, tão diversos e de origens certamente distantes, a mesma tragédia: a Virgem, símbolo da natureza imaculada, desilude-se com os homens – e se afasta pra sempre. Este afastamento, porém, não é total: ela nos ilumina desde seu leito celeste.
O elemento de Virgem é a terra. Isso diz muito: sua trajetória se inicia a partir daquilo que nos é natural – o corpo, a terra, a matéria – e então se perpetra numa entidade astral: as estrelas da constelação. Virgo é o signo dessa transição ascendente: do corpo às estrelas, da terra ao céu, da matéria à luz. É um afastamento da humanidade corrompida, mas também um sinal de sua origem sublime – e talvez um rasgo de esperança, um horizonte iluminado onde se vê uma utopia.
Quando nascia a última Lua cheia, precisamente às 18 horas e 35 minutos do último dia 22, teve início o tempo de Virgem. Com Mercúrio, seu regente, em conjunção com o Sol, talvez se acentuem os efeitos de Virgo sobre nossas vidas. Talvez sejam dias de um afastamento contemplativo. Talvez a chance de renovar a esperança na humanidade.
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