
Estar aqui é como dar um passo à frente na direção de memórias.
É vasculhar recortes e documentos e se reconhecer na foto antiga, nas ruas estranhas, nos velhos amigos velhos e da minha idade.
Nestes dias exaustos, sinto a Abertura como um respiro, um espaço para tomar distâncias e estar perto ao mesmo tempo.
Um espaço vazio, mas com bordas desenhadas, marcas das letras, das imagens, das histórias.
Estar aqui é dar um passo à frente na direção dessas bordas.
E o que enxergamos dali?
Hoje, neste primeiro encontro, trago uma poesia, coisa antiga, mas para dizer desses dias e que sim, sempre tem uma saída.
De manhã é tudo cinza
Longe do litoral
O dia normal de quinta
Aquela pós carnaval
Viro a caneca com tudo
Desce uma última gota
Fria
Melhor do que ela vazia
Procuro nos escritos
Livros
Leminskis
Algum calor
E a única coisa quente
É uma sopa rala
Um leve sorriso nos dentes
Que mal dá
Ele disse
Faço um novo café
Desisto de procurar
Sempre tem uma saída
Alguém aqui dentro me diga
Onde em mim fica o mar?
Comentários:
Wagner vem para trazer sua sensibilidade para Abertura. Fico feliz em poder ler seus escritos por aqui. É um presente.