Informação

A memória, a verdade e a justiça.

A memória, a verdade e a justiça.

No dia 24 de março a Argentina celebra o “día de la memoria por la verdad y la justicia”. A data expressa o repúdio ao regime militar que vigorou no país. A verdade e a justiça são os valores que refletem a vitória do povo diante do governo ditatorial. Um lema enfático sintetiza o espírito da celebração: “Nunca más!

Com esse mesmo espírito Boca Junior e River Plate, os dois gigantes do futebol argentino, lançaram nesta semana uma iniciativa brilhante. Ambos convocaram “os familiares de sócios e sócias desaparecidos durante a última ditadura militar a entrar em contato com os Clubes e reivindicar sua condição societária”. Mais do que uma espécie de compensação pela dor experimentada pelas vítimas da repressão e por seus familiares, a iniciativa pretende aproximar os dois Clubes dessas pessoas, para jogar luz sobre suas histórias – e, em última análise, para evitar que os crimes da repressão se repitam: “nunca más!”

O exemplo dos argentinos é digno de nota. Como disse o jornalista Mauro Cézar Pereira, ele mostra o quão diferentes são os brasileiros de seus vizinhos. Por aqui, a “Justiça” (com jota maísculo, mas entre aspas) autorizou alguns saudosos da Ditadura Militar – que, parece, não são poucos – a celebrá-la. “Somos – conclui Mauro – um país sem memória”.

A conclusão justifica-se, claro. Mas talvez seja eufemística. Talvez não seja memória o que falte (ao menos aos tais “saudosos da Ditadura”), mas apego à verdade e à justiça.

Comentários:

Ao enviar esse comentário você concorda com nossa Política de Privacidade.