
do alto
da torre dos homens daquele tempo
eles veem tudo
as nações e a cidade
as ruas estreitas escuras
o dentro de cofres e alcovas
a pele da floresta sob as árvores
a ponta fina das raízes penetrando
o chão
o mesmo chão frio do pensamento
sob o céu pedregoso do crânio
onde ecoa um grito
do alto da torre
os homens daquele tempo
veem sobretudo
o futuro que forjaram
pra se livrarem do nós
do alto do tempo
em que eles enfim veem tudo
do mundo e de nós
eles não ouvem o grito
que ecoa em meu crânio
e nos tímpanos virgens
das crianças sem batismo
sem futuro
sem luz
mas que andarão já adultas
sobre os escombros da torre
e assim como as florestas
serão a vingança
do chão
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