A Copa no Catar não parece uma boa ideia. O país tem uma lista extensa de violações a direitos humanos e de outros pecados mais. A Copa só fez aumentar – e muito – essa lista. A rigor, o evento parece ter algo de cínico – senão trágico. Não, definitivamente não é uma boa ideia.
Mas ainda assim é a Copa do Mundo. E talvez seja uma das mais marcantes da história. Esse detalhe – a história – nunca pode ser relegado.
Falando especificamente de futebol, há bons motivos pra supor que o torneio tenha um nível altíssimo. Depois de muito tempo a disputa será no meio da temporada europeia, quando os principais jogadores estarão no auge da forma. As grandes seleções – Alemanha, Argentina, Holanda, França, Inglaterra e, sim, claro, o Brasil – estão fortes como há muito não estavam. O futebol em si, recortado em grandes eras, parece chegar às culminâncias da atual. Não é um delírio esperar que a Copa do Catar seja a mais bem disputada desde 1970. Ou seja: histórica.
O fato de que seja no Catar só aumenta essa expectativa. Entre o oriente e o ocidente, todas as cores do mundo irão se misturar sob a impecável – ou implacável – ordem do Emir. Inclusive as cores mais extremas – ou mais sórdidas. Nos estreitos limites duma só cidade, a Copa será um mosaico humano de intensidade máxima.
Por isso decidimos: vamos pra Copa. Ver a história de perto. Testemunhar, registrar, tentar compreender. Sim, a Abertura estará em Doha. Em numerosa comitiva, com vários de seus colaboradores. Nos próximos dias você poderá acompanhar nossos registros.
Esperamos estar à altura do evento histórico. E, com sorte, arrumar uma cervejinha por lá. Não será fácil. A história, como o sol, tem sempre luz demais pra esses nossos olhos cansados. E a cervejinha, se houver, custará cinquenta barões. Por baixo.
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