Foi Esiguara quem previu a chegada de Sumé. Ele viria até nós preparar a vinda do Cristo salvador. Cristo era o Deus dos homens brancos. Homens com armas poderosas que cospiam fogo e rugiam trovões. Esse Deus era então poderosíssimo: foi o que pensamos. E pensamos também que ele, o Deus dos homens brancos, daria ao nosso povo armas e espelhos. Nosso povo esperou a vinda desse Deus como a de um segundo sol.
Esiguara previu e Sumé chegou de fato, anos depois. Na Ilha de São Francisco. Com a Companhia de Francisco, o Santo. Ele era, na verdade, o Frei de Armento. Um europeu que chegava numa terra disputada por portugueses e espanhóis, mas habitada por Carijós. Para o nosso povo, porém, o Frei era o Pai Sumé.
Na grande ilha do norte ele edificou um projeto. Ergueu uma enorme construção, de cultura e de fé, sobre os pilares que Esiguara havia fixado. Essa construção era na verdade uma religião e uma moral, novas para o nosso povo. A religião e a moral do Deus de Sumé. O Pai Sumé das visões de Esiguara.
E assim Sumé fincou palavras na alma de nosso povo. E fincou, nesta terra, a cruz.
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