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Adão dos Açores: Nossa história – ato 5.

Adão dos Açores: Nossa história – ato 5.

Em São Paulo havia riqueza. A riqueza vinha da lavoura. A lavoura precisava de escravos. E escravos foram também os meus avós. Ou isso, ou mortos.

Os bandeirantes, jagunços dos ricos, vieram de São Paulo escravizar os carijós. Eram eles, os jagunços dos paulistas, um tanto também carijós. E tupis e guaranis e índios, enfim. Muitas mães de bandeirantes eram índias sequestradas pelos pais, também eles bandeirantes. Eis o que eram os jagunços: a raça filha dos ventres que ela própria escravizou.

Os padres resistiram. Armaram-se. Guerrearam. Mas perderam a guerra: eles e seus índios, afinal, foram exterminados. Ou isso, ou escravizados.

Aqui, entre as duas grandes ilhas, não demorou o extermínio. Pouco mais de um século depois da chegada dos europeus nestas terras do sul, sobre as cinzas das últimas aldeias, os jagunços paulistas erguiam as vilas de São Francisco, de Nossa Senhora do Desterro e de Laguna.

A nação portuguesa enfim conquistava este litoral. A nação carijó desaparecia.

Adão dos Açores

Adão dos Açores é natural da Penha, onde voltou a morar depois de longa ausência. Escreve sobre história e estórias.

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