Café

Talvez um poema bem bonito
E tolo
Talvez se te dissesse da falta que você faz
Ou se insistisse nessas palavras e desse jeito em versos rimados
E se conseguisse no fim teus gestos suspirados

Talvez um sorriso bem sincero
E simples
Talvez se te estendesse uma mão
Ou abrisse os braços e pedisse seu abraço
E me entregaria em todo infinito deste encontro

Talvez se sentasse ao teu lado
E só olhasse para onde você olha
Talvez se só comentasse do tempo
Ou dissesse que não importa o tempo, nenhum tempo
E déssemos de ombros para o relógio e para os trovões no horizonte

Talvez se andássemos por uma calçada
E só
Talvez se bastasse a banalidade
Ou vamos comer uma coxinha e beber uma coca-cola
E você não se importaria, nem eu, para as elegâncias estéreis

Talvez se acordássemos amanhã
E nos olhássemos
Talvez fizéssemos juntos um café
Ou sentiríamos um orgulho bobo das nossas escolhas
E encheríamos nossas xícaras e sorveríamos devagar, um ao outro.