
Sou um irrecuperável
Não me vejo com jeito
Tão pouco que estou sozinho
Tem saída quem busca salvação na poesia?
Não vejo
Uma certa cicatriz
Orgulho e dor
Costura, que é furo e laço
Marca de fronteira, dentro e fora
Sabemos da coisa orgânica
Do vazio
Da banalidade
E mesmo assim insistimos
Imperativo das utopias
Como se pudéssemos agarrar o céu, onde dormem os sonhos
E puxar para o chão
E eu só quero trazer os sonhos para a vida
Por isso, agarro o encontro
Não esqueço do amor
Preciso da viagem que a esperança dá
De ir longe, longe com você
Fotografar verdades possíveis
Escutar as pausas
Beirar os cheiros e os sorrisos
Cicatriz, poeta
E você não está sozinho
Acenos são gestos vivos
Comentários: