Tudo começa após os créditos finais através da famigerada frase de Richard Blaine, o Rick: “Louis, eu acho que este é o começo de uma bela amizade!”
Assim, após Rick ajudar salvar o mundo do nazismo e seus horrores enviando Victor Laszlo para Lisboa, esse e o capitão Louis Renault voltam Rick’s Cafe Americain para tomar a saideira. Com o coração partido por enviar, também, Ilsa Lund, a esposa de Laszlo, Rick olha amarguradamente pro pianista e amigo Sam e diz:
– Toque, Sam! Toque ‘As Time Goes By’. Se ela aguentou ouvir, eu também posso aguentar.
E se embebedou. Repetindo o ato cotidianamente na esperança de Ilsa voltar a Casablanca ante o seguinte pensamento: “Porque ela, no meio de sete continentes, centenas de países, milhares de bares, vai entrar no meu café novamente.” Pois a guerra acabou, o nazismo soçobrou, a resistência viveu e as portas do bar de Rick sempre se abriram. Passaram homens, mulheres, generais, larápios e intelectuais, mas sempre que adentrava uma loura norueguesa com sotaque sueco Richard se petrificava na esperança de ser ela, o grande amor de sua vida. Só que ela nunca mais voltou.
Ano que vem, esta obra-prima fará 80 anos. CASABLANCA (1942), de Michael Curtiz, não só resiste ao tempo como emociona a cada vez que é visto, como se fosse o epíteto do romance definitivo. E essa atemporalidade da obra não vive no ambiente, mas nas ações dos atores. Humphrey Bogart e Ingrid Bergman estão incríveis como casal apaixonado, assim como o elenco “secundário” composto por Paul Henreid, Claude Rains e Dooley Wilson.
Diálogos inteligentes e inesquecíveis, panfletarismo político contra o Eixo, jogo de sombras no preto e branco, trilha sonora de Max Steiner, história de amor, enfim, tudo contribui para eternizar este filme que foi produzido sob vários percalços. A sinergia foi tão perfeita e notável que a cena do encontro de Rick e Ilsa no piano de Sam foi repetida várias vezes no decorrer da história cinematográfica. Portanto, aos novos (e velhos) cinéfilos, assistir a ‘Casablanca’ é fixar o cinema na retina. Já que o amor, tanto na telona quanto na vida, chega quando menos se espera.
– E toque outra vez, Sam!
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