Opinião

Danilo Otoni: Registro urgente sobre a pedofilia

Danilo Otoni: Registro urgente sobre a pedofilia

É sobre pedofilia. Um forte, singular e instigante filme que se situa entre documentário e ficção sem perder a distinção da gravidade exposta. Assim é POLÍSSIA (2011), da diretora e atriz francesa Maïwenn (que participa da fita como a jornalista Melissa). Drama denso e de realismo excessivo e doloroso.

O mote é sobre uma divisão da polícia francesa responsável por crimes contra criança e adolescente, onde assistimos a relatos de abusos físicos, sexuais, perversão e doenças humanas. Concomitantemente, a trama se constrói, mais do que necessário, sobre os policiais que ali atuam e seus cotidianos, relações afetivas, brigas, intrigas e idiossincrasias.

Cheia de camadas, é uma contundente e racional abordagem sobre a supracitada psicopatia e suas irradiações. Tanto que, numa determinada passagem da película, a criança molestada apresenta desvios de cognição em processo de aprendizagem, o que acarreta no erro de grafia da palavra “polícia” (“polissia”, tal qual o título do filme). Sim, a infância precisa ser protegida!

O naturalismo da fluidez da câmera também é um ponto positivo. Porém, o desenvolvimento narrativo sonega muitas informações, como se os subtramas menores fossem apenas figurações em pequenas notas sobre esses dramas.

Enfim, não recomendado a espectadores sensíveis, pois a ideia de que a humanidade não tem solução é recorrente nos seus 127 minutos. E o final, arrebatador, é a cereja desse bolo amargo.

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